Jornal A Tarde também constata abandono do Rio Vermelho

Módulo desativado
O Jornal A Tarde de hoje(16) publica uma ampla matéria sobre o abandono do Rio Vermelho,  relatando situaçãos mostradas diariamente nesse Blog. Vamos ver se agora, com a divulgação em um jornal de grande circulação, acontece alguma coisa. Leia abaixo a matéria na integra.
Boemia prejudica cena bucólica do Rio Vermelho

De belezas, o Rio Vermelho guarda apenas suas paisagens naturais, pois nos quesitos urbanismo e infraestrutura deixa a desejar. Apesar de ter vida noturna intensa – com dezenas de bares, restaurantes e danceterias – e aportar hotéis que recebem milhares de turistas anualmente, o bairro está abandonado pelo poder público. Há calçadas esburacadas; obras embargadas; pichações em patrimônios públicos; pedintes que se aproveitam da movimentação para obter alguns trocados; e cheiro de urina pelas vias.

Exemplo fiel do descaso pode ser constatado em um dos principais pontos turísticos do bairro, o Largo de Santana, onde está localizado o famoso Acarajé da Dinha. A antiga igreja do local – que hoje funciona como um centro social – teve as paredes descascadas e pichadas com as iniciais de duas facções criminosas, CV e CP (Comando Vermelho e Comando da Paz). Em dias de chuva, os bueiros entupidos transbordam, tornando a atmosfera fétida.

Painel de fotos já postadas no Blog mostrando o abandono do bairro
Ao atravessar a rua, o visitante se depara com uma praia repleta de lixo e cães, criados por pescadores que dormem por ali. “É incrível como um bairro que tem uma movimentação tão grande, que gera tanta arrecadação para a prefeitura, com bares e restaurantes, possa estar nessa situação”, indigna-se a moradora da Rua do Meio Raquel Freitas Lopes.

Embora tenha sido inaugurado pela Prefeitura de Salvador em setembro deste ano – com patrocínio da Schincariol –, o Mercado do Peixe continua sendo palco de um imbróglio entre a prefeitura e a Justiça Federal. A construção do Centro de Artesanato da Praça Caramuru, no fundo do mercado, foi embargada e tem servido para o uso de drogas em plena luz do dia. “À noite, é pior, pois eles saem de lá transtornados e começam a pedir de forma agressiva nas mesas dos bares”, conta o frequentador Ricardo Moreira D’Ávila, 37 anos.

A única intervenção na estrutura do bairro no ano de 2010, lembra ele, foi a revitalização do Mercado do Peixe. “Só quando tema festa de Iemanjá que a prefeitura passa uma mão de tinta de segunda categoria”, pontua Moreira. O Largo da Mariquita continua destruído, devido à instalação de barracas no local durante o período de revitalização. “As barracas foram montadas no largo e, para serem instaladas, precisaram quebrar o chão. Continua tudo quebrado”, conta.

Assaltos Frequentadores e moradores estão temerosos com a insegurança. Na Rua Alagoinhas, onde está a casa dos escritores Jorge Amado e Zélia Gattai, ocorrem com frequência roubos de carro. “Em uma semana do mês de novembro, levaram dois veículos. O bandido chegou aqui, largou um carro roubado e levou outro. A delegacia do bairro está ciente disso”, informa o morador Gabriel Carvalho.

Há menos de um mês, dois moradores foram sequestrados na rua durante a tarde, quando saíam de um prédio, e foram deixados às 18 horas na Avenida Luís Eduardo Magalhães.“Isso não acontece à noite, pois pagamos segurança particular”, acrescenta Carvalho.

Na manhã de ontem, a reportagem de A TARDE esteve na7ªCP(Delegacia do RioVermelho), mas a delegada titular, Maria Isabel Garrido, não estava na repartição. À tarde, ela estaria em uma reunião.

Para piorar a situação, o módulo da Polícia Militar que existia no Largo da Mariquita está desativado. Até o fechamento desta edição, a Polícia Militar ainda não havia respondido como é feito o policiamento no bairro.

História
O Rio Vermelho tem origem no naufrágio de Diogo Álvares Correia, o Caramuru, no século XVI. Bem recebido pelos índios tupinambás, que por lá viviam, Caramuru logo passou a ser querido na região, onde conheceu a índia Catarina Paraguaçu, com quem se casou. Já no século XVII, logo após a invasão holandesa em 1624, moradores se instalaram no local.

Aos poucos, o bairro, predominantemente formado por pescadores, passou a servir de veraneio para famílias ricas. E foi graças aos escravos e pescadores que se eternizou a Festa de Iemanjá,no dia 2 de fevereiro. A Praia da Paciência era uma das preferidas, pois rezava uma lenda que suas águas curavam doenças.

Moradores reclamam do excesso de estabelecimentos comerciais

O aposentado Bartolo Sarnelli, 79 anos, nasceu e cresceu no Rio Vermelho e há 52 anos mora no Parque Cruz Aguiar, o mesmo onde residiu os escritores Jorge Amado e Zélia Gattai. “O Rio Vermelho conservou alguns aspectos, mas a modernidade chegou atropelando tudo. A prefeitura foi liberando alvarás de funcionamento e já não é mais o bairro residencial de antigamente”, conta.

Entre as principais queixas de Sarnelli e de outros moradores estão o excesso de barulho provocado pelos estabelecimentos, a falta de estacionamentos que leva os veículos a ocuparem as calçadas e a grande quantidade de pessoas bêbadas fazendo algazarra de madrugada e urinando nas ruas. Para o filho de Sarnelli, Marco, deveria ser feito um estudo de viabilidade e impacto na vizinhança, antes de se permitir a abertura de um estabelecimento comercial.“ Não cabe mais nada aqui”, frisa.

Cães
Não é raro, à noite, encontrar homens urinando nas ruas e até mesmo atrás da antiga Igreja de Santana,no Largo de Santana. No local, diversos ambulantes ocupam o espaço e vendem bebidas e aperitivos sem higiene, em meio a cães que procuram por restos de comida.

Rita Estrela Miranda é uma das moradoras do bairro que realizam ações voluntárias, retirando cachorros da rua e levando-os para abrigos. Ontem, ela procurava por “Zé Grandão”. “Já tirei sete daqui. A prefeitura tem que reforçar o trabalho de castração desses animais”, afirma.

Lixo de bares e restaurantes é descartado de forma indevida

Sacos de lixo abertos, restos de comida espalhados pelas calçadas, cachorros e catadores em busca de algo que possa ser reaproveitado. Esta é uma cena constante no Rio Vermelho. Por mês,conforme a Limpurb, são recolhidas do bairro cerca de 370 toneladas de detritos.

O maior problema, segundo a assessoria de comunicação do órgão, é o lixo descartado de forma inadequada pelos bares e restaurantes da localidade. “A maior dificuldade é com os restaurantes que colocam lixo na rua após o horário da coleta, deixando resíduos expostos”, informa.

As coletas são realizadas todo dia a partir das 19 horas e, na orla,toda manhã e noite. Existem no bairro 24 contentores de 1,2 m³. Segundo o órgão, serão disponibilizados mais cinco equipamentos de 1,2 m³ que serão distribuídos nos pontos necessários.

“Deslumbrante”
Problemas à parte, o Rio Vermelho continua conquistando o coração dos moradores. A diretora teatral Aninha Franco gosta das belas praias, mas também reclama da quantidade de lixo. “O bairro funciona, com exceção das ações da prefeitura, que não funcionam muito em lugar nenhum. Mas é um bairro com praias deslumbrantes. Tem tudo ao redor”, diz

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2 Comentários
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  1. Primeira parte

    Essa divulgação é uma ajuda bem-vinda para os moradores do bairro, que estão à um passo de serem expulsos do pedaço . Como disse alguém que postou um comentário no blog: quem é velho e quem está incomodado que se mude... Mas, não é assim ! Desconsiderei o tal comentário , por estar vazio de qualquer razão !
    A reportagem, é um retrato cruel da realidade, do que permitiram que o Rio Vermelho se transformasse . O bairro , famoso pelos artistas que abrigou, a começar pelo pioneiro Pasquale De Chirico, autor do monumento a Castro Alves e do Christo da Barra ,entre diversos outros, Jorge Amado, Zelia Gatai, Caribé e mais figuras das artes conhecidas , e da boemia , é uma bagunça !

    O Rio Vermelho é o local onde Diogo Alvarez Correa naufragou e se salvou fazendo história , junto com a sua mulher, a índia Catarina Paraguassú .

    Só que a boemia de hoje é diferente : não é mais aquela que emanava poesia e fazia bem à alma e a todo mundo ! Boemia muitas vezes casada com as serenatas ! A boemia de hoje é movida a álcool e violência ! Com o bairro invadido, com a permissão da prefeitura, ao longo dos anos, por bares, restaurantes , casas de shows e similares , virou o espaço da permissividade e da bagunça , um bairro perigoso , que o ou a obriga a recolher-se em casa na hora de as galinhas subirem aos poleiros.
    Os comerciantes que nele se instalam só visam lucro e não têm compromisso algum com o bairro.

    O próprio ex-mercado do peixe , que já não tem mais peixe e que para mim é, simplesmente, o “ point da Mariquita “ , pois é exclusividade de uma marca de cerveja, por 25 anos, me parece, é onde a turma vai, com o objetivo único de encher a cara de loirinha e sair dali cambaleando e praticando desatinos, em motos carros ou a pé , urinando em todos os cantos , coisa que só é permitida mesmo aos cães vadios . A igrejinha, coitada, é uma vítima. A urina que depositam nas portas , invade a nave ... Isso é coisa que se faça ? Por falta de sanitários públicos em toda a cidade, não foi isso que o povo aprendeu ?
    O que você vê durante as noites e, principalmente, nas madrugadas , são jovens de todas as classes sociais , praticando desordens em motos, carros e mesmo a pé , totalmente bêbados, sorvendo diretamente nas garrafas long-neck ou latinhas e atirando-as ao ar de qualquer jeito , em qualquer direção e de qualquer maneira. É um perigo ! É,... há o risco de atingir uma pessoa que, desavisadamente , esteja passando pelo local , na hora errada , evidentemente...

    Há também a “ boemia” da rua da Paciência e os batuques nos fins de semana...

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  2. Segunda parte


    Me informou uma amiga que , passar pela rua da Paciência no horário das 2 ou 3 da madrugada , é uma aventura...

    Quando os dias amanhecem , o Largo de Santana , um dos centros da bagunça, é um chiqueiro fedorento e a rua da Paciência está cheia de lixo composto de garrafas e latinhas. É o resto da noite , o resto da boemia !...

    O Rio Vermelho, um dos bairros mais antigos da cidade , cuja história está sendo divulgada, mesmo que sintetizada , pela reportagem, não é mais o bairro dos artistas e da boemia. Cedeu lugar à bagunça generalizada movida a álcool e está completamente abandonado pelas autoridades municipais, como de resto, toda a cidade.

    O problema do lixo colocado nas esquinas pelos restaurantes , não é insolúvel. É assunto que se resolve com uma ação enérgica, se nós tivéssemos um prefeito dedicado à cidade , e não movido por outros interesses . Todos nós sabemos que, confrontado com outros nove, ele tirou, duas vezes , o último lugar. Quer dizer, nós temos o pior prefeito do Brasil ! É mole ? O lixo sabe falar. É só olhar, que ele delata a sua procedência .

    Este é o Rio Vermelho que, como diz a reportagem , só preserva mesmo as suas belezas naturais, porque não lhe podem ser tiradas !

    É um Rio Vermelho onde quem quiser, pode construir, reformar ou abrir qualquer coisa , onde quiser e bem entender, tranqüilamente, sem licença, porque dá em nada !

    Meu filho mais jovem , quase cinqüentenário , que costumava sair bem cedinho para apreciar a praia e usufruir da ventilação fresca do alvorecer, já não vai mais , simplesmente, por receio de ser agredido por um grupo de três ou quatro rapazes que resolvam se divertir...Ir mais tarde, não dá, em função de o sol estar surgindo já trazendo o calor. Em função disto, proibiu a mãe de sair para o cooper matinal em horários de pouco movimento, principalmente nas madrugadas de sábados, domingos e feriados e outras festas em que impere o álcool e quem sabe também algo mais...

    A turma finaliza as farras doidona e com pena que terminou... É bom não estar pela frente !

    Aproveito para fazer uma correção . A reportagem informa que eu nasci e cresci no Rio Vermelho. Apenas parte é válida , aquela que diz que eu cresci por aqui. Nascer, nasci na Itália, em Napoli, e fui trazido com apenas 4 meses de vida.Ainda conservo o passaporte com a foto de uma jovem com uma criança no colo...
    ! Isso , cheguei em outubro de 1931, ou seja, no século passado ! Daí para cá, sempre morei no Rio Vermelho. O primeiro endereço foi rua da Sereia , numa casa construída pelo meu avô materno , onde, posteriormente , morou Caimmy . Depois rolei por outras ruas. Há 52 anos, estou no endereço atual do Parque Cruz Aguiar.

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