Há muito tempo que estou para escrever algo, mas agora fui provocado pela amiga que andou vendo o que resta dos velhos tempos , em matéria de casinhas numa cidade tranqüila quando o Rio Vermelho era ainda uma zona considerada de veraneio como o foi Amaralina , e a Pituba ainda nem existia. Era areia pura, com uma vegetação escarça...
O meu avô materno sempre dizia que o progresso seria a desgraça do mundo. Lembrou de uma Salvador cheia de espaço , de um povo que não tinha pressa para nada , tanto é que aqui se dizia que tudo ficava “ para amanhã “...
A população cresceu , os espaços diminuíram . O tempo foi passando e, evidente que tudo foi mudando. Já não existem mais as casas com quintais onde você podia até ter a sua horta caseira para a produção de hortaliças e mesmo algumas mangueiras , bananeiras ou uma ou duas laranjeiras.
Isto está vindo a propósito de algo que ocorre no Rio Vermelho , no morro ao lado da Rua Bartolomeu de Gusmão , que eu chamaria de “ O Morro da Vila Matos “ porque antigamente não existia a Garibaldi , embora o espaço estivesse aberto mas só para os bondes.
Lembro perfeitamente que o meu avô comentava que o morro lhe havia sido ofertado e que ele não o comprou porque considerou o valor pedido exagerado . Algo assim como quatro mil contos de reis... Também, comprar para fazer o que , se o Rio Vermelho só via gente nos meses das férias escolares ? Durante o resto dos anos as poucas casas permaneciam fechadas ?
Mas situação mudou . Naquela área,.. já construíram dois espigões de frente para a Garibaldi e uma monstruosidade que não faz o meu estilo , que provocou um enorme contraste com uma casinha térrea , a um certo nível do morro, olhando para o mar, com varanda de três arcadas e com o exterior revestido de azulejos amarelos. Apesar de pequenina , ela chama a atenção e, agora com aquela enormidade que apareceu no morro, o contraste é maior ainda.
Como eu morei na Rua Bartolomeu de Gusmão, onde meu pai mantinha um aviário, era amigo da família que morava, na época , naquela humilde casinha . Falo de algo assim como mais de 75 anos... Eram o Zezito, o Fernandinho e a irmã , uma loira natural de nome Sônia , filhos de pais portugueses .
Passado tanto tempo, não sei a quem pertence hoje a casinha amarela do morro , mas chegou aos meus ouvidos que houve diversas tentativas de compra, ofertas irrecusáveis , mas o seu proprietário parece disposto a colocar-se como uma pedrinha á frente do progresso, e da ambição imobiliária , dizendo : daqui não saio, daqui ninguém me tira...
Há coisa que nem uma montanha de dinheiro compra, não é mesmo, gente ? Vamos torcer para que a casinha amarela do morro continue lá , sempre mostrando que os pequeninos são chatos e provando que, tamanho não é documento !
Eu só queria mesmo mostrar o contraste entre o antigamente e o hoje !