Por Francisco Rabelo
Estive na caminhada na quinta-feira (20), do Campo Grande ao Dique do Tororó (Salvador). Ouvi muito. Queixas diversas. As mesmas que relatei em diversos e-mails que tenho repassado desde antes, muitos deles criticados. Sei que muitos companheiros são ligados a partidos hoje hegemônicos. Respeito o opinião de todos.
Mas depois de hoje, do que vi e ouvi, passei a uma certeza: todo o pensamento polÃtico-partidário deve ser revisto, repensado, porque os partidos que temos hoje estão dentro de um modelo arcaico, anacrônico, falido - distante do povo, da grande massa. Não são mais os "lÃderes comunitários" (refiro-me aos profissionais), empregados em gabinetes, que formam opinião.
Outra constatação: os governos (principalmente o federal) estão assustados e surpresos com o que ocorre com o paÃs porque não tiveram percepção rápida das mudanças. Passaram a ter articulação com a sociedade civil pelos caminhos errados, de mão única, com sindicatos e associações que não mais representam nada - porque dominados por partidos, e com deputados corruptos que tratam tudo na base do toma-lá-dá-cá. Corromperam e agora pagam o preço. O mesmo ocorrerá com aqueles que dependem das "bolsas" diversas. Se revoltarão, pois já começam a constatar que não vale a pena ter "bolsa" se não tem saúde, escola, segurança. Quem duvidar, espere por 2014.
Por outro lado, os órgãos de segurança (inclusive a ABIN) se limitaram à arapongagem clássica, monitorando apenas os passos e fatos polÃticos, a vida de sindicalistas e lÃderes de associações, esquecendo-se que há algo mais novo e efetivo: as redes sociais, que abrem ao cidadão comum o poder de colocar o que pensa ao alcance de milhares.
As manifestações recentes deixam um recado aos polÃticos: eles precisam de reciclagem, se quiserem capitanear as mudanças que a sociedade pede de forma espontânea, pois as massas estão desorganizadas. Precisarão do formalismo institucional para tornarem reais seus anseios. Quem souber unificá-los e transformá-los em ações efetivas, logrará êxito.
Uns criticarão as caminhadas, pois muitas terminaram em atos de provocação e vandalismo. Os vi de perto, também. E percebi que muitos foram praticados por jovens descoordenados, grupelhos mesmo, que oportunizam momentos como esses para extravasar suas rebeldias sociais, como revoltas em jogos de futebol. Outros poucos, incorporados ao momento por morarem nas ruas ou mesmo drogados e ladrões oportunistas (como quis uma parte da mÃdia oficial), foram muito poucos. Numa quantidade que não chega a manchar a grandeza das multidões.
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