Há muito tempo o turismo deixou de ser ‘coisa de ricos’, supérflua para a maioria dos cidadãos, ou sazonal. A indústria turística ocupa milhões de pessoas no mundo, sustenta cidades inteiras, e na Bahia não é diferente, pois Morro de São Paulo e Mangue Seco, por exemplo, dependem disto. Pelo menos 10% da população de Salvador é beneficiada através de emprego direto ou dos mais de 50 setores envolvidos com a atividade que mais cresce no mundo. Mas, para manter isto, é preciso profissionalismo e planejamento.

A Bahia estava sendo preparada para ser um dos maiores centros turísticos da América Latina, atrativos e fama não falta, mas os projetos foram interrompidos nos últimos anos. A mão de obra qualificada foi substituída por outra que não atende aos interesses de turistas, empreendedores e sociedade. Foram feitos investimentos equivocados ou insuficientes, como em festas e eventos. Hotéis de turismo deram lugar a resorts e business hotéis, equipamentos e acessos não foram construídos ou reformados, como o Centro de Convenções da capital baiana, e atrativos internacionais como Morro de São Paulo, Mangue Seco, Chapada Diamantina, Itacaré e outros, carecem de investimentos.
A situação de Salvador é emblemática para o país! A falta de profissionalismo institucional e planejamento, o que inclui a falta de apoio nacional aos Turismólogos - as pessoas que estudaram o Turismo efetivamente, se prepararam para pensar, planejar, articular e executar serviços – levou o turismo de Salvador à mudança de perfil e desvio do fluxo interessado, que é o turista com interesse cultural e em busca de lazer, pois a degradação física e social do Pelourinho e das praias não convidam à visitação e permanência. Este público é mais numeroso e fica mais tempo, freqüenta todos os ambientes do circuito turístico e da cidade, mais exige profissionalismo e comodidade.
Há muitas instituições e pouco conhecimento! Gestores, empreendedores novatos e gerentes despreparados ignoram os atrativos que interessam aos turistas que vem a Salvador, primeira capital do Brasil, terra de Jorge Amado, banhada por uma baía famosíssima, mas com seu potencial de turismo náutico desperdiçado, entre outros atrativos. A má gestão e má utilização dos recursos disponíveis estão sacrificando outros atrativos como o Recôncavo Baiano, e instituições culturais, religiosas e artísticas. E a Bahia pode – e deve! – fazer turismo à altura de sua história e memória!
*José Queiroz é guia de turismo especializado em Turismo Receptivo
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