Jornalistas viram pedintes

Jornalistas viram pedintes Por Egnaldo Araujo

Aquele jornalista aposentado, já sem mídia, ou seja, sem chefiar nenhuma redação de rádio, jornal ou tevê, já desconhecido da área de jornalismo, sem ser atendido “Não temos alcance para publicar tal assunto nas nossas páginas (mídias)” após bater em algumas redações a pedir divulgação de uma campanha de ajuda para um colega doente; (este com mal de Alzheimer, sem trabalho, sem dinheiro para a compra de remédios e alimentação);

Sem saída, este repórter resolve dar uma de pedinte na via pública e, para obter alguns trocados para seu ex-colega de trabalho ,( hoje na pior, a morar de favor num fundo de casa num bairro de periferia). Assim é que pegou de uma sua sanfona velha e lá se foi ele para dentro de um coletivo, a tocar aquelas músicas do chamado tempo do ronca. Sob o olhar entre surpreso e de pena do público, por aquela pobreza de música, mesmo assim os passageiros, ao saltar apressados, iam pingando seus 10, 20, um e dois reais. No fim daquela viagem ele reuniu seus seis a oito reais e foi comprar uma dúzia de ovos, quatro pães e um pacote de margarina sem sal, o qual enviou de favor pelo motorista daquela longínqua linha com destino aquele bairro suburbano.

WALDEMAR

Ao dar o seu próprio suor 24 horas por dia ali naquele subsolo em uma lojinha apertada do prédio Antônio Venâncio da Silva, no Setor Comercial Sul, de Brasília, aquele jornalista mulato, alto e bem disposto, virava dias e noites a montar a programação da TV Globo Brasília. O tempo passou, os anos foram fazendo o que todo o tempo faz, decompôs aquela estrutura quase indestrutível, num feixe de ossos e pele, relegado hoje num fundo de apartamento de um conjunto habitacional de terceira categoria, onde passa as piores privações. Se é que ainda se encontra vivo e a respirar, ao ex jornalista e colega de redação Waldemar Pacheco, os nossos mais ternos agradecimentos por ter doado a sua juventude na construção e consolidação da Capital Federal - Brasília.

Egnaldo Araújo - DRT – 4230 – DF.
Acesse o blog – LIBERDADE, LIBERDADE E AMOR...
Tópicos:

Postar um comentário

4 Comentários
* Os comentários publicados são de inteira responsabilidade do autor. Comentários anônimos (perfis falsos ou não) ou que firam leis, princípios éticos e morais serão excluídos sumariamente bem como, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos e agressivos, não serão admitidos.
  1. Na verdade, o blogueiro que passa por dificuldades é o Adão Oliveira, um gaúcho que estava a trabalhar em Florianópolis, onde agora muito doente, passa por situações difíceis para compra de remédios e se submeter a tratamento voltados para recompor a sua perda de memória. O maravilhoso trabalho de ilustrações dele, se pode verificar no blog Liberdade, Liberdade e Amor, do qual figuro como redator chefe. Ah, a doação de alguma ajuda financeira, poderá ser feita via depósito na C/C - B.Brasil, Ag.3458-4 - Conta no.10.256-3. - O Adão está semi plégico, sem empego, sem plano de saúde, está sob os cuidados de uma Assistente Social.

    ResponderExcluir
  2. Agradeço a homenagem feita ao meu Pai, Waldemar Pacheco. Mas preciso afirmar que parte do seu texto não cabe ao mencionar a vida dele. "...relegado hoje num fundo de apartamento de um conjunto habitacional de terceira categoria, onde passa as piores privações." Há até uma contradição, diz "hoje num fundo de apartamento", e no fim não sabe se está vivo.
    Concordo qdo diz sobre o esquecimento de grandes jornalistas, no caso houve até pelos que trabalharam com ele. Realmente parecia indestrutível, e sim o tempo fez a sua parte.
    Hoje, meu orgulho de ser filha dele grita. E pretendo cuidar da sua imagem enquanto eu puder.
    Mais uma vez obrigada pela homenagem. E ele iria adorar o que escreveu nos seus agradecimentos.
    Abraço.

    ResponderExcluir
  3. Agradeço a homenagem feita ao meu Pai, Waldemar Pacheco. Mas preciso afirmar que parte do seu texto não cabe ao mencionar a vida dele. "...relegado hoje num fundo de apartamento de um conjunto habitacional de terceira categoria, onde passa as piores privações." Há até uma contradição, diz "hoje num fundo de apartamento", e no fim não sabe se está vivo.
    Concordo qdo diz sobre o esquecimento de grandes jornalistas, no caso houve até pelos que trabalharam com ele. Realmente parecia indestrutível, e sim o tempo fez a sua parte.
    Hoje, meu orgulho de ser filha dele grita. E pretendo cuidar da sua imagem enquanto eu puder.
    Mais uma vez obrigada pela homenagem. E ele iria adorar o que escreveu nos seus agradecimentos.
    Abraço.

    ResponderExcluir