O historiador Gildásio Freitas, ex-morador da Vila Matos, atualmente residindo em Lauro de Freitas, lembra que essa manifestação é remanescente do tempo em que os festejos em louvor a Nossa Senhora Santana se destacavam no ciclo das festas de largo e foi a maneira que os moradores da Vila Matos encontraram para contribuir com o brilhantismo da festa, saindo sempre 15 dias antes do Carnaval, no domingo em que também era a data que no período da tarde saia o “Bando Anunciador dos Festejos do Rio Vermelho,” com seus belos carros alegóricos, conduzindo jovens, rainhas e princesas da considerada "e elite do bairro"
O Bando Anunciador dos Festejos do Rio Vermelho acabou, mas o Banho à Fantasia se mantem há mais de 70 anos puxado pelo Bloco Lero-Lero, que é oriundo dos Blocos Jaraguá e rei Zulu fundados por Aloísio, o “Velho Monarca”, ainda na década de 30 e que o mestre Cacau do Pandeiro, deu seguimento.
Essa folia de rua continua graças à perseverança do Luciana Cruz, filha de Cacau do Pandeiro, que sai em busca de patrocínios para literalmente colocar o bloca na rua. Infelizmente, enquanto cantores riquíssimos recebem patrocínios milionários para participar do Carnaval e de outros eventos da cidade, manifestações que nascem no seio das camadas mais populares, que realmente fazem a festa acontecer, ficam mendigando nas antessalas das secretarias de Cultura e Turismo do Estado e Prefeitura, uma marrequinha, para manter viva uma manifestação cultural, que praticamente já desapareceu.
O Banho à Fantasia da Vila Matos tem uma origem de resistência, surgiu exatamente para marcar posição e continua fazendo a festa pelas ruas do bairro com alegria e irreverência, de forma espontânea, organizado sem fins lucrativos, que não cobra por camisas e nem qualquer outro valor para as pessoas se divertirem. Da maneira com as coisas vão sendo conduzida, vai se excluindo cada vez mais a participação popular e privatizado os espaços públicos para os que podem pagar. Alguma coisa nessa lógica está muito errada!