Por Clarindo Silva*
Se eu começasse esse texto falando da Rua José Joaquim Seabra, pouca gente ia identificar de qual logradouro da minha cidade eu estaria falando, mas certamente em se falando da minha querida Baixa dos Sapateiros, lugar onde desde criança pude andar ou viajar de bonde ou de marinete (ônibus), todos irão identificar. Fazendo uma viagem ao tempo, são tantas lembranças do lugar onde podemos caminhar e podemos chamar de primeiro shopping a céu aberto! Moradores dos diversos bairros de Salvador durante todo o ano e especialmente nas festas de fim de ano enchiam a rua e eram filas em determinadas lojas. Vários estabelecimentos bancários se instalaram ali. O embrião dos supermercados do grande empreendedor Mamede Paes Mendonça nasceu ali, com a Casa Sergipana e se expandiu para o Brasil, sem falar da famÃlia Pastore, ElÃrio Iça, Cidreira, Cosme Brito e tantos guerreiros e guerreiras que por ali passaram. Alguns ainda resistem... Na área cultural o forte fortÃssimo eram os cinemas: Cine Theatro Jandaia, onde grande shows com artistas dos mais renomados passaram por aquele lugar, pelÃculas fantásticas! Minha primeira vez no cinema, foi no Jandaia. Entrei, o filme já tinha começado, e o leão da Metro Goldwyn Mayer apareceu na tela rugindo...eu me assombrei e quase saà correndo. TÃnhamos ainda o Cine Aliança, o Cine Pax e por último surgiu, com sucesso extraordinário, o Cine Tupi. O Cinemascope virou moda. Hoje, lamentavelmente, só exibe filmes pornôs. Por falar em filme, em cinema, alguns anos atrás assisti a um documentário da museóloga Bartô Limara, onde figuras como Jorge Amado dão depoimentos. Se me permitem, esse documentário é tão importante que merecia ser exibido nas escolas e universidades. São muitas lembranças... O terminal de bondes da Barroquinha e também o terminal de Santana, onde hoje é o Shopping Baixa dos Sapateiros. Apesar dos investimentos com o novo Mercado de São Miguel, o camelódromo, o novo posto de saúde e as obras da Barroquinha, precisamos pensar em algo que possa fazer daquele lugar não um lugar comum, mas sim a veia aorta do Pelô.
Feliz 2021! Fé e resistência!
*Clarindo Silva
Escritor, poeta, jornalista, empreendedor
