Ninguém por mais pessimista que fosse poderia imaginar que um dia os festejos da rainha dos raios, Santa Bárbara para uns, Iansã para outros, tivesse que se submeter a agendamentos para assistir à missa na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho. Fico a pensar que as homenagens à Santa Bárbara já viveram muitos momentos de dificuldades, especialmente o mercado que leva seu nome, que esteve deteriorado, fazendo a festa perder sua hegemonia e através do Projeto Cultural Cantina da Lua ousamos, com pouca ajuda oficial, não só manter a missa e a procissão, mas o tradicional caruru, preparado com muito esforço e dedicação por D. Deuzinha, com ajuda de amigos.
Lembro - me perfeitamente quando o altar de Santa Bárbara desabou. Tive que tirar a imagem e Padre Hélio Rocha pôde abrigá-la na Igreja de Nossa Senhora dos Homens Pretos. Mas o bom é que depois disso a festa de Santa Bárbara cresceu a ponto da procissão percorrer as ruas do Centro Histórico, Rua Alfredo Brito, Terreiro de Jesus, Praça da Sé, Misericórdia, Ladeira da Praça, até chegar no quartel dos bombeiros, onde era recebida com as sirenes dos carros.
A entrada no quartel era uma verdadeira apoteose. Depois, pela Baixa dos Sapateiros, fazia uma parada no Mercado São Miguel. Alô, Deco! Em seguida, Ãamos até o Mercado de Iansã. Teve um ano que fomos até Charlotte do Taboão, onde com muito carinho foi entronada uma imagem. Axé, Claudete Macedo! Axé, Dra. Tânia Simões! Axé, Jorginho Comancheiro! Axé, Padre Lázaro Bonfim! Axé, Milton Sampaio e a todos e todas que mantém viva essa tradição! Que Santa Bárbara nos livre dessa pandemia, mas precisamos ser cuidadosos, usar máscara, álcool gel e manter o distanciamento. Mais uma vez, quero pedir a Deus que ilumine os espÃritos dos mais de cento e setenta mil brasileiros que perderam suas vidas. Força e energia aos seus entes queridos.
Clarindo Silva -Escritor, poeta, jornalista, empreendedor.*