Apresentações integram programação do Setembro Amarelo e traz bate-papo com o público sobre a temática abordada pela campanha, mediado por profissionais da área de psiquiatria e psicologia
Nas redes sociais tudo parece perfeito. As pessoas estão sempre em locais paradisíacos, em festas divertidas repletas de amigos, em bons restaurantes ou em viagens incríveis, expressando retratos da felicidade e tentando suprir a necessidade de aceitação através de curtidas.
Mas, por trás dessa exibição constante e, nem sempre real da imagem, existem relações complicadas com a família, inseguranças e solidão. A notificação de distúrbios mentais e emocionais decorrentes das redes sociais está cada vez mais comuns e sentimentos como estes têm levado pessoas a desenvolverem ansiedade e depressão, que atingem 63% e 59% dos brasileiros (USP/2021).
Este é o panorama social que o espetáculo "NESTA DATA QUERIDA" evidencia. Um solo de comédia dramática escrita, dirigida, interpretada e produzida pela atriz Thais Laila, com reestreia marcada para , dentro dos dias 15, 22 e 29 de setembro, às 20h, no Teatro Sesi do Rio Vermelho dentro da programação do Setembro Amarelo, com ingressos pelo Sympla (https://www.sympla.com.br/espetaculo-nesta-data-querida__1708588) e bilheteria do espaço.
O cenário é a comemoração do aniversário de uma digital influencer, vivente - aqui, um neologismo da somatória das palavras “viver” “dependente” - das redes sociais. Diante de um populoso algoritmo, a solidão de uma mulher. Pessoas ausentes, lembranças fartas e presentes misteriosos colocam a aniversariante diante de um poderoso encontro consigo.
A preparação da festa de aniversário é um pretexto poderoso para que sejam revelados medos, tristezas, saudades, angústias e sonhos comuns a todas as pessoas. As lembranças e ausências colocam a personagem e o espectador em um poderoso encontro com a essência, transformando a renovação de ciclo em recomeço de vida.
Setembro Amarelo
A experiência artística mistura teatro, dança, música e poesia. Uma proposta multilinguagem e sensível sobre a solidão, com o objetivo de provocar uma profunda reflexão sobre a sociedade atual e seus valores deturpados. A primeira temporada da peça, ocorrida em maio de 2022, chamou a atenção de profissionais da psiquiatria, psicologia e terapia ocupacional, devido a forma como questões de saúde mental nos tempos modernos são retratadas na obra.
A partir disso, surgiu o convite para integrar o "Setembro Amarelo". Após cada apresentação desta segunda temporada ocorrerá bate-papo com o público sobre a temática abordada pela campanha e no espetáculo, mediado por profissionais da área de psiquiatria e psicologia de diversas instituições parceiras (Centro de Valorização da Vida, Instituto Brasileiro de Bioética, Fundação Pedro Calmon, dentre outras).
O enredo de “Nesta Data Querida” traça um paralelo a um contexto social contemporâneo, em que a realidade virtual tem sobreposto as relações interpessoais. Com interações frias, as distâncias sociais têm sido diminuídas, porém sem o calor aquecedor das emoções que abraçam. Os seres humanos nunca estiveram tão conectados, e ao mesmo tempo nunca estiveram tão desconectados.
Em 2022, no Brasil, vimos Whindersson Nunes, Kéfera e o Padre Fábio de Melo, falarem a respeito. “Existe uma geração sendo abalada com força por tudo isso, principalmente os jovens. É preciso falar sobre comportamentos e sensações de uma geração adoecida”, exclama Thaís Laila.
Apesar de não falar sobre suicídio de forma objetiva, NESTA DATA QUERIDA traz à cena a necessidade de cuidados com a saúde mental. “É preciso ter atenção aos gatilhos, muitas vezes banalizados no mundo moderno, que levam à depressão e suas consequências. Refletir sobre isso é importante, pois é justamente o fato de existir tanta gente sofrendo que contribui para que os índices de suicídio sejam tão altos”, pondera a atriz.
Olhar Amigo
O processo criativo de NESTA DATA QUERIDA foi desencadeado pela junção do desejo de estar em cena - Thaís Laila ficou três anos fora dos palcos, por conta da experiência com a maternidade e da pandemia -, o desejo de produzir uma obra autoral e debater questões da sociedade moderna que a atravessam.
“Durante a pandemia, a vida nas redes sociais ganhou outra dimensão. Pude observar o excesso de exposição das pessoas e percebi o quanto o mundo virtual nos coloca num espaço de solidão. Quando percebi tinha escrito o monólogo”, recorda.
Thais Laila contou com o “Olhar Amigo” de diretores artísticos (João Sanches, Ricardo Castro, Bruno Masi, Edvard Passos e Harildo Deda), de profissionais da música (Luciano Salvador Bahia e Manuela Rodrigues), da dança (Dan Costa), da iluminação (Pedro Dultra), no cenário (Rodrigo Frota) e figurino (Diana Moreira).
Thais Laila (foto divulgação) |