Violência contra a mulher

Rosane Santana é uma amiga jornalista que está estudando na Universidade de Harvard e o artigo abaixo foi postado no site www.bahiaempauta.com.br , na semana passada , mas o tema é tão atual  que  estou republicando .  Esse problema da violência contra a mulher está ficando cada dia mais sério.  No Jornal A Tarde de hoje( 25) está estampada entre as manchetes:"Três mulheres são assassinadas pelos companheiros em 24 horas."
Qual a razão de tanta violência?O artigo abaixo  pode ser uma boa pista.


ROSANE SANTANA

BOSTON (EUA) – O relógio marca 6:23 pm, mas já é noite fechada em Boston, desde as 4pm (4 da tarde). Na capital de Massachusetts o inverno é rigoroso.Troco os cabos da TV para assistir à Globo Internacional. E, por incrível que pareça, as notícias que vêem do país que o mundo acredita ser uma potência emergente, o Brasil, são chocantes. O Jornal da TV, mininoticiário antes do Jornal Nacional, anuncia o assassinato de uma mulher pelo ex-marido.

A mesma história de sempre: insatisfeito com a separação, o cidadão assassinou a mulher na frente das câmeras, dentro do salão de propriedade dela e na presença de clientes, depois de inúmeras ameacas feitas à vítima, que comunicou oito vezes à polícia, que não fez nada para evitar o crime, absolutamente nada, porque como explicou a delegada, a polícia não pode sair tomando providências por qualquer denúncia que chega. Deveria.

Desculpem os ufanistas de plantão, deslumbrados com essa história de Brasil potência. Mas muitos amazonas precisam passar por debaixo da ponte para esse país se tornar Primeiro Mundo. No quesito civilidade, que faz toda a diferença, tomamos de goleada.

Aqui nos Estados Unidos, por exemplo, seguramente, não haveria ameaça. Porque a um homem, seja ele quem for, não é dado o direito de ameaçar uma mulher ou abusar de uma mulher (vide Polanski), com um olhar que seja! E, se isso acontece, basta um telefonema à Polícia para que o indivíduo seja levado ao xadrez, imediatamente. Parece mentira, porque é simples, mas é verdade! Muitos homens de origem hispânica e brasileira costumam ser presos, obrigados a pagar idenização e até deportados, por violência contra a mulher, que vai de assédio até espancamento.

Aqui em Massachusetts, todas as vezes em que uma mulher vai ao médico, de qualquer especialidade, para uma primeira consulta, ou, em outra oportunidade, com sintomas de pressão alta ou stress, ela é interrogada a respeito de violência doméstica. Em caso de confissão, é o médico(a) quem toma a iniciativa de comunicar a polícia e o marido, companheiro, namorado, seja lá o que for, é preso. Se há fuga, o indivíduo é procurado e, dificilmente, escapa.

Recentemente, ouvi relato sobre um brasileiro que espancou a mulher e fugiu. Dois anos depois, ao tentar renovar a placa de seu automóvel, o que é obrigatório a cada dois anos, foi preso no local. Ao lançar o número da driver licence (carteira de motorista) no computador, o funcionário do órgão viu a ficha do cidadão e acionou a polícia. Ali mesmo ele foi preso, com um agravante por ter fugido.

Desculpem-me, amigos queridos, mas o homem latino vive na idade da pedra lascada. Até quando angelas diniz, sandras gomides, marias islaines, donas-de-casa, anônimas em geral, tantas, tantas mulheres serão abatidas como passarinho neste país?
Rosane Santana, jornalista, mestre em História pela UFBA, mora em Boston e estuda na Universidade de Harvard
Tópicos:

Postar um comentário

1 Comentários
* Os comentários publicados são de inteira responsabilidade do autor. Comentários anônimos (perfis falsos ou não) ou que firam leis, princípios éticos e morais serão excluídos sumariamente bem como, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos e agressivos, não serão admitidos.
  1. Cara Rosane, por nossas bandas a punição é muito maior para quem abate um passarinho.Ai vem Ibama, Policia Federal, não sei mais quem, imprensa e a depender da espécie, o crime é inafiançavel.Já para defender a mulher tem a Lei Maria da Penha, que não é lá essas coisa mas que as mulheres festeja a sua existência, mesmo assim ainda está correndo o risco de retrocesso.

    ResponderExcluir