Involuntariamente acabei constatando in loco o que já sabia sobre a grande distância que existe entre a propaganda oficial e a realidade no setor de saúde.Nesta quinta-feira(18/09), pela manhã, na tentativa de ajudar uma pessoa que precisava de assistência médica de urgência devido a um subido mal estar, nos deslocamos até o Posto de Saúde do Vale das Pedrinhas, por ser o mais próximo ao Rio Vermelho, local onde nos encontrava-mos.
No posto uma multidão aguardava em um salão quase sem iluminação.No atendimento geral, supostamente para prestar informações, uma cidadã que sequer tem condição de recepcionar um animal feroz quanto mais um ser humano. Sem mais delongas foi logo antecipando que não havia atendimento de emergência, serviço, segundo ela, disponÃvel apenas no Quinto- Centro, no Chame-Chame.Perguntei se ao menos tinham alguém para medir a pressão e a resposta foi imediata e seca: tem mas não veio.
Seguimos então para o Hospital Geral, o famoso HGE, na Vasco da Gama. Entramos rapidamente. A tranqüilidade do primeiro acesso foi logo desfeita no salão da triagem onde dezenas de pessoas deitadas nas macas aguardavam atendimento. Sem nenhum biombo para separar as macas, pacientes e acompanhantes unidos em um mesmo desespero trocavam olhares de angustia enquanto agurdavam. Um médico com sua jovem equipe, presumivelmente de ajudantes ( residentes ou estagiários), tentava, até com um certo bom-humor, dar conta de tudo aquilo identificando os procedimentos e fazendo os encaminhamentos, com a agilidade de um despachante.
Em uma minúscula sala o cidadão que eu conduzia foi levado a tomar assento no lugar que deveria ser do médico.Uma senhora com seus mais de 80 anos, amparada por parentes ameaçava vomitar, enquanto as moças de jaleco branco orientavam a levá-la para o Hospital Roberto Santos.Fui saindo de fininho para não tomar um banho de vomito logo pela manhã.
Nesse meio tempo, o paciente que eu acompanhava teve a pressão devidamente verificada.Sem agravamento maior, mas diante do estado de descontrole em que se encontrava foi orientado a aguardar no corredor uma medicação. Nem bem havia sentado na úncia cadeira disponÃvel e o médico chegou com uma outra pedindo para ser trocada.A cadeira que havia se acomodado era do médico. Por sinal uma cadeira com a parte estofada furada aparecendo a espuma, mas a justificativa foi pertinente:”Vou levar minha cadeira lá para dentro antes que suma, porque a outra já sumiu!” Diante de tantas pessoas nas macas fiquei impressionada com a preocupação do doutor com sua cadeira.Será que ele tem tempo para sentar? perguntei aos meus botões.
Esse é o retrato fiel do sistema de saúde na capital, sem tirar nem por. O que aparece na TV, exibido na propaganda oficial é só miragem.Atendimento público digno, esse só vai acontecer quando os polÃticos e seus parentes usarem esses serviços. Alias, essa poderia ser uma boa promessa de campanha para os candidatos a prefeito e a vereador: Se eleitos, eles e seus familiares usarão apenas o serviço de saúde pública.
A propaganda e a realidade nua e crua
setembro 18, 2008
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Concordo e acrescento, que as "coisas" só irao melhorar, no dia que os polÃticos além de usarem hospitais públicos, colocassem seus filhos nas escolas públicas, utilizassem transportes públicos e por ai vai ...
ResponderExcluirNão tem outra solução.Só essa gente passa pelo mesmo sufoco do povão é que a coisa pode melhorar.
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