Graça Azevedo: Ideologia e as ilusões perdidas

Este comentário está publicado hoje(20) no site do jornalista Vitor Hugo www.bahiaempauta.com.br. E, sem dúvida, expressa o sentimento de muita gente, inclusive o meu.

Como cantava Cazuza: ideologia, eu quero uma prá viver. Eu também. Assim como a minha geração. Mas, os nossos heróis não morreram de overdose. Os nossos heróis estão nos matando de vergonha.
Nem nos nossos piores pesadelos poderíamos imaginar as alianças espúrias e comprometedoras que os homens, que nos colocamos no poder, estão fazendo em nome de uma tal governabilidade. Como se constroem alianças entre pessoas com ideais tão diferentes? Em que se baseiam estes acordos?
Na minha cabeça o enigma não se decifra. De um lado o partido que, em tese, estava contra todo tipo de corrupção, que colocava os militantes nas ruas para pedir o impeachment dos malversadores do erário público. Do outro lado os malversadores e corruptos. Agora juntos. Em nome da praticidade e com a desculpa asquerosa de “ser republicano”. Ou seja, a democracia pela qual lutamos só é possível quando todos chafurdarmos na lama.
Eu me recuso. Talvez o meu caminho passe a ser o mesmo pelo qual optaram amigos dos tempos das trevas. Isolar-me, não ler notícias, alienar-me do mundo. É melhor que ver o sonho transformado na torpe realidade que nos oferecem aqueles que colocamos no poder com a missão de mudar a Bahia e o Brasil.
Maria das Graças Azevedo é Socióloga

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