Uma tragédia anunciada

Os últimos dias a cidade foi sacudida por ataques a ônibus e módulos policiais. Incendiários comandados por agentes do tráfico, inclusive pelo que se comenta de dentro das penitenciárias, agiram e continuam agindo em todas as direções apavorando a população que usa o sistema de transportes coletivos. A situação exige uma reflexão, primeiro porque mostra a força dessas facções criminosas que estão articuladas e organizadas ao ponto de sem qualquer receio enfrentar a policia em seus redutos, ou seja, nos módulos policiais, pior ainda, comandam as ações de dentro das penitenciárias onde estão sob a vigilância do estado. Isso é da maior gravidade porque revela a fragilidade do nosso sistema de segurança e o que mais preocupa é que tem se afirmado que esse é um problema das grandes cidades, de forma que passa a impressão tratar-se de um destino do qual não se pode fugir.Mas isso não é verdade. O que tem levado essa marginalidade a demonstrar tanta ousadia é a prática de se empurrar os problemas com a barriga e somente tentar solucionar quando a situação chega ao limite, ai sim, muito mais difícil de resolver.

Há mais de 10 anos o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia fez um estudo sobre a expansão da violência na capital, chamando atenção para a gravidade da situação, já àquela época, considerado como um problema de saúde pública. Um outro estudo realizado no Engenho Velho, revelava que traficantes estavam dominado a área aliciando jovens e pré-adolescentes a quem ofereciam arma e dinheiro, dizia mais, que as armas chegavam em caminhos. Não tenho conhecimento de nenhuma intervenção de grandes proporções na área, visando rever a situação. Essa é a realidade. Onde o estado se ausenta a marginalidade assume o comando. De lá prá cá o que tem se observado é a banalização da violência, até porque a vida humana para essas facções não representa absolutamente nada. Diariamente os jornais noticiam verdadeiras chacinas que acontecem nos bairros, principalmente da periferia, onde nossos jovens em idade cada vez mais precoce tombam nessa verdadeira guerrilha urbana. Enquanto o tráfico expandiu e se organizou, as esoclas publicas continuaram com as mesmas precariedades, os programas sociais se retringiram a doação de cestas básias e não evoluiram para outras ações visando dar novas prespectivas a essas comunidades. A gravidade desse problema exige ações articuladas, porque não vai se combater e nem resolver apenas com a força policial.

Na época em que esses estudos foram concluídos, o então vereador Miguel Kertzman que também teve acesso as pesquisas chegou a criar um movimento pela Cultura da Paz, que tinha o objetivo de discutir essas questões com a sociedade para forças a adoção de medias visando a inclusão social dos nossos jovens e adolescentes. Mas como todas as boas coisas que acontecem nessa cidade, não foi prá frente. Esse projeto, que inclusive tinha o apoio da UNESCO ficou esquecido nas gavetas da Câmara porque ele não se reelegeu e ninguém teve vontade de dar segmento a essa mobilização. Quando não se fala e nem se discute um assunto, a tendência é exatamente o de se empurrar com a barriga. Então o que está acontecendo hoje é exatamente o resultado dessa passividade como se costumam encarar os problemas, seja no âmbito da sociedade civil organizada, seja dos poderes públicos constituídos. As pessoas só se preocupam com o problema quando ele chega a sua porta e muitas vezes precisa até entrar nas casas para se perceber a gravidade. Por outro lado, a tendência dos governos é de dar mais atenção a construção de obras físicas que possibilitam o obá-obá, a propaganda, do que a construção da cidadania, que sempre está em último lugar.

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3 Comentários
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  1. É um absurdo.

    E hoje pela manhã em um jornal televisivo vi nosso secretário da educação defendendo o que ele chama de:

    E N T U R M A Ç Ã O.

    É uma medida política, que tem o objetivo de melhorar os índices educacionais para o ano eleitoral que se iniciará; que fomentará em longo prazo ainda mais a violência em nosso Estado em detrimento de nosso amadurecimento social.

    Isto me lembra as cotas do ensino fundamental, as gestões de choque, ou seja, a tão notória e histórica pirotecnia da politicagem baiana e porque não dizer: BRASILEIRA. Esta estratégia foi tentada por Yeda Crusius em 2007 em seu reduto.

    Abaixo alguns links sobre este ato escabroso, e pergunto mais uma vez:

    Secretário você fez faculdade e pós para quê mesmo? Você aprendeu que desta forma, com ENTURMAÇÂO, é que você resolverá os problemas da educação? Ou você só tá querendo mostrar resultado de curto prazo que garantirá umas tetinhas estaduais para você e os seus mamarem?
    G
    overnador Wagner, acredito que o senhor esteja bebendo whisky paraguaio demais.

    Sugiro que os senhores, tanto o secretario de "educação" quanto nosso governador coloquem seus filhos e parentes para estudarem nestas escolas com estes desmandos.

    Mais uma sugestão: Evasão escolar resolve-se com ensino e estrutura de qualidade; com atrativos para este público. E não como nós estamos cansados de vê funcionar.

    Vamos protestar a partir de agora. Reclamar depois da merda feita não adianta nada.

    Links:

    http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/09/09/ult105u8667.jhtm

    http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=1222479

    http://www.newstin.com.pt/tag/pt/143885548

    http://www.une.org.br/home3/movimento_estudantil/movimento_estudantil_2007/m_10279.html

    http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1298282-5604,00.html

    http://www.noticiacapital.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5670:professores-protestam-contra-enturmacao&catid=42:politica-geral&Itemid=27

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  2. Bem colocado esse seu comentário.Essa pratica de deixar os problemas se consolidar para depois tentar resolver é muito usual.Só que muitas vezes quando vai se agir já é tarde e tem que partir para esse confronto que está ocorrendo agora com muitas mortes.Combater a violência não é coisa fácil, tem que ser uma ação diária e contínua abrangendo educação de qualidade, oportununidas de trabalho, disponiblidade de áreas e lazer, promoção do esporte e o combate sem trégua à bandidágem. Passei ontem pelo modulo policial da Mariquita que estava vazio e os policias do lodo de fora, sentados embaixo da amendoeira. Quer dizer, os bandidos expulsaram os policias dos modulos, porque se els ficam dentro são metralhados. Muito triste isso.

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  3. também acho que deixaram correr solto e isso vem de muito tempo como você disse em seu comentário é uma situação que vem se consolidando faz tempo e agora estourou nas mãos desse governador, que é quem tem que tomar as providências.

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