Por Sarnelli
Como nos últimos dias fiz duas referências a Pasquale de Chirico, escultor italiano que morou 40 anos em Salvador, resolvi falar sobre ele, que foi um pioneiro no Rio Vermelho, considerado hoje bairro dos artistas e da boêmia, mas, nem por isso só. Não há registros. Naquele tempo era assim! Muita coisa dependeu da minha própria memória, porque convivi com ele por 12 anos.
Pasquale nasceu numa pequena cidade chamada VENOSA (não confundir com Veneza) em 24.05.1873 e faleceu na sua residência da Av, Getúlio Vargas, atual Oceânica em 31.03.1943.
Ele chegou em São Paulo com 20 anos, ficou 10 por lá, quando foi convidado pelo engenheiro Theodoro Sampaio para vir a Salvador executar uns trabalhos na antiga Escola de Medicina da Bahia(foto). Todas as imagens que estão no entorno do anfiteatro da Escola, são obras de Pasquale, embora estejam em lastimável estado de conservação, porque, por falta de dinheiro, foram realizadas em argamassa de cimento e não em bronze. Terminados os trabalhos, foi ficando, ganhando concorrências e vivendo por aqui com mulher e filhas. Foi um dos primeiro professores da Escola de Belas Artes, e o maior criador de estátuas, bustos e até mesmo obras mortuárias, no Cemitério do Campo Santo, no entanto, não assinadas.
Calcula-se que ele chegou em Salvador por volta de 1903 . O seu primeiro trabalho colocado em praça pública foi o monumento ao Barão do Rio Branco, que todos os baianos sabem que está na praça de São Pedro. Esta obra foi inaugurada em 07.09.1919. Perto dele, uma obra de menor porte, a base do relógio de São Pedro, só a base, evidentemente, porque o relógio foi importado da França .
Seguiram-se outros trabalhos dos quais citarei alguns mais importantes e conhecidos, pois a relação é grande e exigiria muito espaço do blog:
- Estátua em mármore de Carrara do Cristo da Barra , inaugurado em 24.12.1920 – A curiosidade é que o nosso Cristo é mais antigo, diria até “mais idoso “, que o Redentor no Rio de Janeiro, que foi inaugurado em 12.10.1931;
- Castro Alves, o Poeta do Povo , inaugurado em 06.07.1923;
- Monumento ao Visconde de Cayru , instalado na praça do mesmo nome , inaugurado em 28.11.1934;
´Estátua ao Conde dos Arcos , na praça do mesmo nome, inaugurada em 28.01.1932 . A lista de trabalhos é enorme. Você encontra o busto de D.Pedro Fernando Sardinha na Praça da Sé, o monumento à Thomé de Souza dentro do Palácio Rio Branco, O busto ao Padre. Manoel da Nóbrega, em frente à Igreja da Ajuda ... e muitos outros, andando pela cidade.
Comentário Carmela
Nas próximas semanas publicaremos fotos de alguns desses monumentos e identificando os locais onde estão. Com isso, pretendemos seguir o antigo ditado que diz: Dar a César o que é de César, ou seja quando o leitor do Blog vislumbrar uma dessas estatuas que enfeitam as ruas de Salvador, saberá quem é o escultor e que ele por muitos anos foi morador do Rio Vermelho, um luxo não?
A foto publicada é de Margarida de Souza Neves está no site Lugares de Memória da Medicina do Brasil.
Parabens pela bela iéia de trazer a tona a história, a arte e a cultura de Pasquale de Chirico, principalemnte por ser ele um grande atista e morador do Rio Vermelho. Que bom que poderemos saber mais sobre a nossa arte e a nossa terra, esse blog é D + .
ResponderExcluirGostei muito desse artigo e de saber o nome do autor dessas estátuas que enfeitam a nossa cidade, mas que infelizmente muitas delas estão necessitando de conservação. Não sabia que esse escultor tão famoso foi morador do Rio Vermelho. Parabéns Sarnelli e obrigada pelas informações.
ResponderExcluirParabéns Sarnelli por resgatar a história de seu avó para muitas gerações, isso é muito bonito e ele deve estar orgulhoso de você.Eu mesma não tinha a mínima ideia do autor dessas estatuas. Só mais uma curiosidade: nesses estátuas tem gravado em algum lugar o nome de Pasquale de Chirico como autor? Confesso que nunca prestei atenção.
ResponderExcluirLidia, amigos e amigas . Tem sim . Todo artista costuma assinar as suas obras, normalmente na base . No caso de obra de grande porte, é difícil para nós visualizarmos , porque a peça fica à uma altura razoavel e , ultimamente, protegida por um gradil. No caso de busto, fica fácil , porque a sua altura permite visualizar. Basta contornar a peça que ela será encontrada.
ResponderExcluirNormalmente, a assinatura pode estar atrás ou do lado , ou, ainda, na base.
Obrigado a vocês que aprovaram a ideia. Até o fim do mês , toda semana , haverá alguma coisa. Fiquem ligados e ou ligadas .
Façam do blog da Carmela, um pequeno vício , não vai fazer mal a ninguém . Sempre que puderem , colaborem !...
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