Esse não é o Rio Vermelho que queremos

Caminhando hoje pelo Rio Vermelho conclui que apesar de inúmeras reuniões e audiências públicas, estamos remando contra a maré. O cenário é sempre o mesmo: passeios tomados por lixo e entulho, a Praia de Santana imunda. O esgoto que continua correndo na parte do fundo da Casa do Peso exala um fedor insuportável e emporcalhando toda a areia onde os devotos passam para fazer suas oferendas aos orixás. Esse pedaço do bairro por sinal é um capitulo à parte, todo mundo acha o local mágico, mas não se faz um intervenção séria para mudar a realidade da área, e o que se vê é uma degradação que se aprofunda a cada dia. São roupas estendidas em varal improvisado, uma fogueira usada para preparar alimento, tornando a balaustrada preta de tanta fumaça, e os boxes que vendem peixe desafiam a saúde pública e o pescado é comercializado sem as mínimas condições de higiene, as pititingas no chão e as viceras de peixes jogadas nas escadarias. Mas quando vamos falar, dizem que faz parte da tradição. Na minha ignorância, não sei desde quando porcaria faz parte de tradição.

Entretanto os problemas do bairro não se resumem a esse local , a praça do lado oposto que foi cercada pela Paróquia e que a Prefeitura deu uma “arrumada”, colocando bancos e alguns brinquedos infantis, está servindo de sanitário público, sem falar nas grades todas enferrujadas. A cratera da Paciência, apesar das promessas de intervenção, continua chegando cada vez mais próximo da pista. Por todas as ruas do bairro, fios soltos, mostram que tem alguma coisa errada nesse setor de iluminação pública. Ainda na Paciência, lâmpadas queimadas em vários postes e a quadra que desabou, continua sem solução.

A Mariquita, local onde alguns historiadores garantem que Caramuru foi encontrado, transformou-se em um grande canil a céu aberto. A prometida requalificação da área restringiu-se à construção de um novo mercado, repleto de problemas e vai ficando por isso mesmo. Nesse processo só quem se deu bem mesmo foi a cervejaria que construiu o mercado em uma parceria com a Prefeitura e ganhou exclusividade para a negociar o seu produto.

Passando pela Juracy Magalhães Junior encontramos vários trechos do Rio Lucaia sem as grades de proteção sendo o caso mais perigoso a ponte próximo ao estacionamento da Faculdade Salvador, onde, por sinal, um estudante já caiu. Um pouco mais adiante a imensa árvore que sombreia a praça à entrada da Rua Caetité, onde várias galhas já caíram, continua sem que a Prefeitura dispense nenhum cuidado. Os cupins praticamente tomaram conta da árvore e o risco de novos galhos cairem sobre as pessoas que passam pelo local é real. Essa em rápidas pinceladas que desenha o quadro dos trechos mais visíveis do bairro. Se entrarmos pelas ruas transversais, os problemas se multiplicam. Com a administração omissa que se instalou no Palácio Thomé de Souza e a falta de compromisso de muitos moradores e comerciantes com o bairro a sensação é de que infelizmente vamos ter que conviver com essa situação por muitos anos.