Ensino relegado

Por Carmela Talento

Neste segundo semestre muitas escolas públicas não estão funcionando regularmente. O motivo é a falta de pagamento aos terceirizados que prestam serviços essenciais a exemplo da limpeza, merendeiras e agentes de portaria, que sem salários não comparecem ao serviço deixando professores, diretores e alunos literalmente a ver navios.

Esse é um problema recorrente tanto na rede municipal quanto na estadual. A questão não é falta de recurso, mas de gestão. O resultado dessa ineficácia se reflete no baixo aproveitamento dos alunos. Por mais boa vontade dos professores não têm como desenvolver com eficiência as atividades pedagógicas, com aulas ministradas dia sim, dia não.

Não adianta projeto a exemplo da escola em horário integral se as crianças não têm alimentação por falta de merendeiras. Sem esse profissional para preparar as refeições, os ingredientes são devolvidos, enquanto as crianças e adolescentes que deveriam almoçar na própria escola, retornam as suas casa, onde muitas vezes não tem nem o que comer.

Esse é o país dos descalabros, da falta de gestão e do faz de conta que esta tudo indo muito bem. Sem pessoal de limpeza os sanitários usados por centenas de estudantes ficam sujos, é evidente que as escolas não podem funcionar com uma falta de higiene dessas. Outra peça fundamental para garantir certa tranquilidade aos docentes e discentes dentro das unidades educacionais são os agentes de portaria.Apesar dessa situação, ninguém se mobiliza, nem mesmo a grande imprensa que se ocupa de tantos assuntos irrelevantes abre espaço para discutir a questão. É mais relevante abrir espaço para o camarote de Daniela Mercury que não vai mais funcionar no Carnaval do que para o descaso com a educação.

Infelizmente acostumou- se a fazer mobilizações e barulho por reivindicações salariais, não que seja errado, mas não dá para se omitir diante de uma situação desse é o futuro de milhares de crianças que está em jogo.Como é que um país pode se desenvolver se a educação não é tratada como prioridade?

Depois ficam procurando justificativas, culpando os professores quando a Bahia aparece entre os estados com as piores médias no IDEB. Não existe mágica e nem adianta maquiar resultado, o único caminho para mudar essa realidade é levar o ensino realmente a sério e deixar de conversa fiada. Levar o ensino à serio é ter atenção com todos os componentes que implicam na qualidade da educação.