Editada em 06 mar 2019.
Debaixo do sol escaldante das 14h deste domingo (17), com o asfalto pegando fogo, o Bloco Lero-Lero saiu da Vila-Matas puxando o Banho à Fantasia, manifestação cultural muito popular na Bahia, mas que foi morrendo com o passar dos anos. No Rio Vermelho ainda acontece por persistência do Mestre Cacau do Pandeiro que juntamente com amigos criou o Bloco Lero-Lero, que reúne músicos do Alto de Ondina e adjacências, sendo a maioria seus alunos e com isso a tradição vai se mantem e todos os anos, 15 dias antes do domingo de Carnaval faz a sua participação nas ruas do Rio Vermelho.
O Lero-Lero é uma das paixões de Cacau, mesmo sendo um dos percursionistas mais importantes desse paÃs, de ter criado grupos famosos, entre eles a Orquestra Iemenjá, faz questão de participar todos os anos do Bloco e nada de ficar encima de trio ou de qualquer tipo de carro, a pegada dele é mesmo no chão, regendo a banda! Infelizmente, neste ano não foi possÃvel a sua presença devido a problemas de saúde (ele completou 90 anos no último dia 11), mas a filha Luciana Cruz, que é produtora cultural, sempre se virando nos trinta, conseguiu mais uma vez colocar o Bloco na rua, como forma inclusive de homenagear o pai e também comemorar os *70 anos do Lero-Lero.
O Banho à Fantasia foi a maneira bolada por Cacau e amigos para inserir a comunidade da Vila-Matas nos festejos do Bando Anunciador que acontecia no Rio Vermelho e que tinha um perfil mais elitista. O Bando acabou, porém, o Banho à Fantasia continua exatamente por ter suas origens em uma manifestação popular. As dificuldades para manter essa tradição são muitas, mas como de alegria ninguém morre, a tendência é de que a festa continue ainda por um bom tempo. Cacau não pode comparecer, mas os músicos depois do desfile estiveram em sua casa para homenageá-lo e foi bonito ver o mestre regendo, mesmo que por alguns segundos, a sua orquestra .
*Observação: Sobre o Lero-Lero, vale uma correção do Blog, o bloco, no próximo ano completa 80 anos . O Historiador Gildásio Freitas, ex-morador do Rio Vermelho e pesquisador das manifestações populares do bairro, nos enviou mensagem fazendo a correção: o Lero-Lero foi fundado em 1940. Nessa publicação do Diário de Noticias de 1949, portanto nove anos depois, o Lero-lero já era citado na reportagem por se apresentar de forma original, com "vozes e batuques". Portanto, a informação que nos foi passada de que o bloco completou 70 anos este ano, não procede.