Diolino, foto reprodução (arquivo pessoal) |
Neste mês de maio o Rio Vermelho lamenta a perda de duas personalidades que fizeram história no bairro: O empresário Diolino Gomes Damasceno, o homem que popularizou a batida e Dona Jaci Britto, proprietária do O Cavalete, uma das mais importantes galerias de arte da Bahia que funcionou no bairro nas décadas de 70, 80 e início de 90.
Morador antigo do Rio Vermelho, o professor e historiador Gildásio Freitas, conheceu de perto a trajetória de Diolino, o verdadeiro rei das batidas. Ele conta que o jovem de Ipacaeté, interior da Bahia, começou a trabalhar no bairro empregado de uma sorveteria que funcionava na Mariquita, depois no Bar Guarany (também na Mariquita) e no Bar de Cavadas, na Rua José Vidal, travessa que dá acesso à Conselheiro Pedro Luiz. “A moçada do Rio Vermelho sempre por ali tomando uma Pilsen Extra, que era a cerveja da época, e Diolino estava lá no final do expediente lavando, arrumando o bar ".
Depois colocou um negócio por conta própria em uma garagem que ficava em frente ao casarão onde atualmente é o Sesi. De acordo com Gildásio, o local escolhido para o mini bar, tinha a fama de que nada dava certo, mas Diolino conseguiu levar adiante, porém, o que fazia sucesso mesmo era a batida de limão, a única que ele servia, posteriormente foi diversificando com outras frutas e o local virou um ponto muito frequentado, chegando inclusive a provocar engarrafamento na área.
Devido aos transtornos no trânsito, mudou para um imóvel entre a Odilon Santos e a Rua do Meio, e foi ai que começou atender os clientes no carro, o que já era usado no Bar do Manon, próximo à Casa D'Itália, no Campo Grande, centro da cidade. "Tinha um dispositivo que colocava na janela do carro ai vinha o garçom com a bandeja e as pessoas não precisavam sair do veículo para serem atendidas". A batida já era famosa e fazia sucesso não só no bairro, mas em toda a cidade. Artistas, intelectuais, jornalistas, e toda boemia frequentavam o Bar do Diolino, mas, até mesmo os que não eram boêmios, costumavam dar uma passadinha por lá para degustar a bebida.
Entre os famosos que fraquentavam o local, Gildásio recorda de um episodio vivenciado por ele ainda quando o bar funcionava na garagem: "No Carnaval eu, Pino ( o engenheiro Guiseppe Talento também antigo morador do bairro) e outros amigos, costumávamos sair do Rio Vermelho para o centro da cidade, mas antes a gente passava por vários bares do bairro. No Carnaval de 1970 fomos tomar a "saideira" no Diolino, quando chegamos, quem estava lá? Nada mais nada menos que Chacrinha, o Velho Guerreiro. Ai foi aquela festa, começamos a cantar aquelas músicas de duplo sentido da época, umas parodias e Chacrinha anotando tudo, dando muita gargalhada, conversando com a gente. Disse que quando vinha à Bahia sempre passava ali pra tomar umas batidas e levava muitos litros, então era assim, muita gente famosa passou por ali.”.
Depois de conhecer a fama, o empresário passou por um período de grande dificuldade financeira, e Gildásio também conheceu essa fase: Ele conversava muito comigo porque era conterrâneo de minha esposa Nelsi, que é de Ipecaetá. Diolino começou a trabalhando no armazém do pai dela, ainda garoto, mas saiu de lá, veio pra Salvador e não voltou mais, marcou época mesmo foi no Rio Vermelho. A batida a mais famosa! Teve também seu Vilar que veio depois com o bar "O Só Batida", na minha opinião uma batida até melhor, era mais bem feita, ai foram abrindo outros bares em Salvador especializados em batida, mas a que fez sucesso mesmo foi a de Diolino, ele quem popularizou a batida. Frequentei muito ali, tomei muitas e muitas boas”, relembra.
O Bar do Diolino chegou a funcionar em um box do antigo Mercado do Peixe, bem antes da reforma, mas acabou fechando e ele passou a fazer batidas que entregava por encomenda nos bares do Rio Vermelho.
Diolino morreu no dia 05 de maio, aos 88 anos, construiu sua história no bairro e sem dúvida com a popularidade de sua batida ajudou a consolidar fama do Rio Vermelho como o bairro da boemia.
Na mesma semana, no dia 09 de maio, morreu Dona Jaci Britto, que também fez história no Rio Vermelho com a sua famosa galeria “O Cavalete”. Um local de encontro de artistas que marcou época na Bahia e foi, sem dúvida, a mais importante galeria de arte em funcionamento no bairro onde aconteciam exposições de vários artistas famosos.
A galeria ficava em frente a Igreja de Sant'Ana em um imóvel que depois foi o Bar Ideário. Gildásio, que no período também enveredava pelas artes plásticas, relembrou que ela recebia muito bem os artistas tanto os famosos como os iniciantes, e, inclusive, promoveu uma Feira de Arte no bairro, que teve grande repercussão."Só temos a lamentar a morte dessas duas personalidades que fizeram história no Rio Vermelho", destaca o historiador.
A galeria ficava em frente a Igreja de Sant'Ana em um imóvel que depois foi o Bar Ideário. Gildásio, que no período também enveredava pelas artes plásticas, relembrou que ela recebia muito bem os artistas tanto os famosos como os iniciantes, e, inclusive, promoveu uma Feira de Arte no bairro, que teve grande repercussão."Só temos a lamentar a morte dessas duas personalidades que fizeram história no Rio Vermelho", destaca o historiador.
Convite da Galeria O Cavalete para a Segunda Feira de Arte em 77 |
Muito bonito essa reportagem muito obrigado por falar de meu pai só um esclarecimento :o primeiro emprego dele em Salvador foi no bar do finado Álvaro no Largo da Mariquita.Depois o bar fechou e ele montou uma barraquinha no fundo da casa do finado Álvaro. Depois daí ele foi pra o bar de cavadas com as economias dele arrendou.Dai foi pra uma garagem em Santana em frente a fábrica de café onde tudo começou.
ResponderExcluirMinha mãe e meus tios contam muitas histórias passadas no bar do seu pai. No momento só minha mãe está no Rio Vermelho. Mas meu tio que mora em Ilhéus que mandou a matéria. Espero que ele tenha ido em paz. Já tenho 43 anos e nos encontros de família ouço sempre o nome de seu pai ligado a muitas alegrias. Meus sentimentos.
ExcluirOs jovens da década de 70 frequentavam o Diolino, fui muito! As farras começam com uma deliciosa rodada de batida, a de cajá era a minha preferida.
ResponderExcluirParabéns ao grande Cacau do pandeiro, fizemos algumas viagens, com o nosso amigo Osório Vilas Boa, Cacau e seu pandeiro abrilhantado os encontros, um abraço do amigo José Ferreira.
ResponderExcluirGostaria de ler um comentário sobre Ubaldo Porto , morador ilustre do bairro ,já falecido
ResponderExcluirMeu pai era um dos fornecedores de aguardente, jacare e saborosa era muito amigo dele.
ResponderExcluirUma perda realmente, grandes lembranças, frequentei muito o box no mercado do peixe, agente passava ali antes de ir para as festas ou boates.
ResponderExcluirVelho Diolino todas sextas e sabados a noite, antes de começar a gandaia era certo passar em Diolino para beber uma batida de amendoim ou Coco.saudades eternas !
ResponderExcluirÉramos estudantes da escola técnica de engenharia eletro mecânica em Nazaré, ano 78/79,sempre passávamos no final da tarde no Diolino...uma batida de tamarindo certa vez nos derrubou rsrs....que Deus o tenha!
ResponderExcluirSérgio Mariano
Dica c Deus Diolino
ResponderExcluirObrigado Prof Gildasio pelas boas recordações. A Tradicional Galeria O CAVALETE e o Bar "DIOLINO" onde tudo começava . Muitas amizades e "paqueras" ali iniciaram. Aos sábados então, o movimento eram contagiante , não tinha hora ! Descansem em PAZ DIOLINO E D.JACI.
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