Nos dias 10 e 11, quarta e quinta-feira, a partir das 20h30, a fachada principal da antiga igrejinha de Sant’Ana, no coração do Rio Vermelho, receberá projeções de videomapping criadas em parceria com o VJ Gabiru. O Rio Vermelho e o Comércio, dois bairros que são marcos da experiência de vida, histórica e contemporânea, em Salvador foram os escolhidos para receberem as ações de encerramento do Programa de Curadoria para Arte no Espaço Público do Goethe-Institut Salvador-Bahia.
Friederike Möschel, diretora do Goethe-Institut Salvador-Bahia, reforça a importância de os grupos refletirem sobre pontos que pairam no imaginário popular como expressões da Bahia. “É uma maneira de dialogar com o espaço físico de Salvador, em toda sua vivacidade e movimento, pensando nas questões que atingem a cidade no momento presente, traçando outras ideias para possíveis futuros”, completa.
MANIFESTO VAGALUME – Marcar a importância de pessoas que, sempre, passam longe dos olhos que circulam por um dos bairros mais famosos da capital baiana: o Rio Vermelho. Essa é a proposta do “Manifesto Vagalume”, iniciativa de um dos grupos, conduzidos pela curadora Rose Lima, o grupo propõe um videomapping, criado numa parceria com o VJ Gabiru. As exibições acontecerão de 20 em 20 minutos, e a participação do público é gratuita.
O grupo que move o contexto criativo do “Manifesto Vaga-lume” é formado por Benedito Cirilo, Jamila Reis, Ludmila Britto, Lucas Lopes, Paula Milena Lima e Roca Alencar. Todos moram próximos ao Rio Vermelho, ou circulam pela região. A partir de alinhamentos, questões em comum tomaram forma: transformações urbanas, cartografias afetivas e artísticas do bairro, meio ambiente e sua degradação, além da comunidade do Rio Vermelho, formada por um complexo e diverso núcleo de moradores, turistas, profissionais de comércios e serviços, ambulantes, pessoas em situação de rua ou frequentadores eventuais.
Rose Lima, responsável pela orientação do coletivo, conta que a decisão para pensar os corpos-vagalumes que estão invisíveis, mas que dão luz a toda energia que vibra no Rio Vermelho, foi unânime. “Assim, surgiu o desejo de criar uma intervenção artística que busca impactar o público, fazê-lo refletir sobre temas tão urgentes, a partir de uma narrativa sobre o bairro, sobre os corpos opacos, presenças invisibilizadas, e não a partir de uma visão espetacularizada do bairro e suas tradições populares como alegoria”, detalha este coletivo.
A obra de vídeo mapping foi intitulada, por VJ Gabiru, como “A Cidade Invisível ou o invisível da cidade. Um Rio Vermelho e muitos itinerários...”. O artista e videomaker baiano também nutre um vínculo afetivo com o Rio Vermelho, como frequentador desde jovem, para momentos de lazer, ou como morador por mais de uma década, em vários endereços do bairro.
FORMAR - O Programa de Curadoria no Espaço Público teve início em 2021, e se desenrolou em dois momentos. A primeira fase trouxe workshops virtuais sobre conceitos de curadoria, tensões sobre espaço interno e externo, exemplos de melhores práticas nacionais e internacionais, além de aspectos legais e jurídicos. Diversos curadores e especialistas conduziram encontros, como: Max Hinderer (Bolívia/Alemanha); Folakunle Oshun (Nigéria); Christoph Stark | KITEV (Alemanha); Marina Fokidis (Grécia), Priscilla Amoni (MG), Daniel Rangel (BA); Fernanda Felix (BA); Tiago Bastos (BA); Ellen Melo (BA), Alejandra Muñoz (Uruguai - BA).
Na segunda etapa dessa formação, a turma foi dividida em dois grupos para materializarem os conhecimentos da primeira fase do projeto, com a proposta de realização de duas intervenções urbanas em Salvador: nos bairros do Comércio e Rio Vermelho. Os estudantes-curadores foram divididos a partir dos locais de moradia e circulação pela cidade. No Comércio, o mediador convidado foi o curador e artista Tiago Sant’ana; no Rio Vermelho, a mediação é da curadora e arquiteta Rose Lima. A Casa Rosa, espaço cultural no Rio Vermelho, participa como parceira, servindo de base para as reuniões deste grupo.
A exibição acontece na fachada principal da antiga igrejinha de Sant`Ana (foto BlogRV) |