Lero-Lero 70 anos de existência

 Por Gildásio Freitas

Salvador sempre possuiu uma riqueza muito grande de manifestações culturais.Algumas se expandiram, chegando até a se agigantarem e se multiplicarem a exemplo das “Lavagens” e dos “Presentes”.Outras, no entanto, por razões diversas, foram se extinguido a exemplo dos “Bandos Anunciadores”, ou sobrevivem com dificuldades, onde se incluem os “Banhos de Mar a Fantasia”. Dos diversos que existiam em nossa capital, restou apenas o “Banho à Fantasia da Vila Matos”, que tem levado alegria às ruas do Rio Vermelho, há sete décadas, juntamente com o Bloco Lero-Lero, que é oriundo  dos Blocos Jaraguá e rei Zulu fundados por Aloísio, o “Velho Monarca”, ainda na década de 30.

Remanescente do tempo em que os festejos em louvor a Nossa Senhora Santana se destacavam no ciclo das festas de largo, essa foi a melhor maneira que os moradores da Vila Matos encontraram para contribuir com o brilhantismo da festa, saindo sempre 15 dias antes do Carnaval,  no domingo em que também era a data que à tarde saia  o “Bando Anunciador dos Festejos do Rio Vermelho,” com seus belos carros alegóricos.

Muitos dos fundadores e participantes tradicionais já se foram: O Velho Monarca (pai de Cacau do Pandeiro), Dona Marieta, Seu Vavá da Carroça, Belmiro, Né, Lulu Coió,Lula Trator, Oscar Ceguinho, Lourinho, Dona Momó, Sinézio, Vivaldo, Alarcon,Carlinhos Bahia, Renato(do Alto da Sereia) Baiano, Badê, Edinho Cacau, dentre outros.

Mas a velha guarda vem mantendo a tradição ao longo dos anos, através de Cacau e sua Orquestra, Tonho, Caca, Bloco “Os Bigs” juntamente com a turma jovem e outros colaboradores que a cada ano se incorporam a essa tão bela e espontânea manifestação popular que traduz o verdadeiro espírito do carnaval baiano.

Nos últimos anos tem se destaca uma jovem, que é hoje sem sombra de dúvida a maior liderança da Vila Matos, neta do Velho Monarca e filha de Cacau do Pandeiro, a grande baluarte da continuidade dessa tradição, Luciana Cruz, que tem sabido conduzir não só esta como outras manifestações e lutas pelas reivindicações tradicionais da comunidade da velha cidade do Salvador.

Nos últimos anos tem sido também  fundamental o apoio do Governo do Estado, por meio da Bahiatursa para garantir a continuidade dessa tradicional festa.

( Texto de Gildásio Freitas, escritor, historiador e professor, nascido na Vila Matos, onde morou durante 30 anos).

Confira abaixo algumas cenas da festa que animou hoje(31) as ruas do bairro( com fotos de Silvana Talento)

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6 Comentários
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  1. Quero parabenizar o Blog por essa bela cobertura. Eu, na verdade, nem sabia da existência dessa festa e moro no Rio Vermelho tem mais de 15 anos.

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  2. Parabens ao Lero-lero pelos os 70 anos de resistência, parabéns à comunidade da Vila Matos, parabéns ao blog do Rio Vermelho por divulgar uma tradicional manifestação cultural do Rio Vermelho e parabéns ao amigo Gildásio Freitas por contar um pouco da história de personalidades importante que fizeram e fazem acontecer a festa do Banho a Fantasia. Aproveito para sugerir a Gildásio que faça um livro contando esta bela história - amigo ai vai um bom desafio.

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  3. Muito bom o texto de Gildásio que modestamente omitiu que ele acompanha o banho fantasia há mais de 50 anos (na verdade desde que nasceu pois sua casa na Vila Matos ficava na passagem do Lero Lero). Gildásio é um personágem do desfile e a cada ano bola uma fantasia criativa que chama sempre atenção.
    Parabens amigo-irmão e espero que você ainda acompanhe o Lero Lero por outros 50 anos!

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  4. Gostaria de acrescentar que a origem do nome do Bloco Lero Lero deve-se a uma música de Frasão e Nássara composta em 1939 e gravada por Orlando Silva, o cantor das multidões.

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  5. CORRIGINDO A INFORMAÇÃO ACIMA.
    A autoria de Lero-Lero é de Benedito Lacerda (e não Nássara) e Eratóstenes Frazão.
    A letra é a seguinte:

    No Tirol, só se canta assim:
    "Lero-Leruuu ! Lero-Leruuu ! Lero-Leruuu !
    Lero-Lero... !
    O nosso "Lero-lero" é diferente,
    O clima aqui é muito quente,
    E a gente, pra desabafar,
    Canta, canta, até o sol raiar :

    Eu quero, quero, quero,
    Quero, quero o teu amor,
    Deixa de lero-lero,
    Lero-lero, por favor !...
    O riso da morena,
    Nos prende, como anzol,
    O sangue, da morena,
    "Abafa o velho sol"
    (no Tirol)

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  6. Quero parabenizar este meio de comunicação virtual, para o enriquecimento cultural não só de Salvador, mas deste ilustre bairro simbólico cultural e social. Devido ter uma grande gama para está sociedade soteropolitana e valorização do Rio Vermelho em todos os aspectos. E mostrar a originalidade, não esquecendo também dos fundadores que deram parte de tuas vidas para que hoje seus descendentes possam prestigiarem algo que demostra bastante alegria e paz. E nós devemos dar seguimento a este projeto para os nossos tenham orgulho como estamos neste presente orgulhosos deles... Muito Grato por está matéria fazer-me recordar.

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