Ebó para abrir os caminhos

Ebó para abrir os caminhosUm ebó como há muito tempo não se via na esquina da subida da rua Almirante Barroso chamou atenção dos moradores nesse início de manhã nublada no Rio Vermelho. Pelas características na composição, com rosas vermelhas, charuto, farofa a galinha amarela, treta-se de um ebô despachado para Exu, que no Candomblé tem a missão de abrir os caminhos. Espera-se que a motivação desse seja realmente o de abrir os caminhos para que o Carnaval transcorra dentro do clima de paz e tranqüilo, até porque, o lugar onde foi colocado é praticamente a porta de entrada para circuito Ondina/ Barra.

O ebó é uma oferenda feita às divindades afro-brasileiras, especialmente a Exu como pagamento antecipado do favor que se espera delas, mas, segundo alguns pesquisadores, essa pratica também tinha a finalidade de alimentar os escravos fugidos. Nesse caso, os alimentos eram colocados cozidos em lugares estratégicos no meio do mato. Comida feita com milho e azeite-de-dendê. Segundo a tradição, teria sido este o prato de resistência da primeira refeição que Oxalá comeu no palácio de seu filho Oxum-Guiam, quando foi libertado da prisão por Xangô.

Ao contrário do que muitos acreditam Exu não representa o mau, até porque, no Candomblé não existe a figura do demo. Ele é considerado o orixá da comunicação, por essa razão é quem deve receber as oferendas em primeiro lugar para assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua missão de mensageiro entre o mundo material e espiritual seja realizada. Por isso, quem passou hoje pela manhã ao lado desse ebó, não precisa se preocupar, é um  ritual de uma religião de raiz Africana incorporada à cultura baiana que precisa ser entendida e respeitada.
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3 Comentários
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  1. Parece que no Rio essa tradição do ebó tem superado a Bahia. Passei uns dias na casa de um amigo em Jacarepaguá e as ruas do bairro diariamente apareciam com ebós nas esquinas. Creio que tinha muita coisa da umbanda, que é muito forte lá. Um desses ebós me chamou a atenção pelo inusitado. Era a banda de um melão, onde a pessoa que baixou o ebó, escreveu o nome do "alvo" do trabalho num pedaço de papel.

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  2. UM EBÓ DE RESPONSA!
    Um EBÓ dentro dos preceitos, com todos os apetrechos necessários: 2 galinhas, farofa, charutos, garrafa de pinga e tudo sobre um tapete vermelho, quem preparou entende do riscado. O interessante é que alguem se sentiu incomodado e depois de algumas horas tudo tinha sido retirado, sem deixar rastro.

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  3. Là ele...kkkkkkk

    A remoção deve ter sido feita pelos funcionários da vidraçaria.

    Não acho nada interessante entrar num negócio, como cliente, e me deparar com oferendas religiosas sujando tudo, sem contar o mal cheiro.

    Parabéns a Senhora Carmela pela explicação, que eu desconhecia, sobre o sentido das oferendas como alimentos a fugitivos do sistema à época.

    Aos entendidos e devotos sugiro que como não há mais a necessidade de alimentar fugitivos, que os mesmo substituíssem ou suprimissem os alimentos de sua devoção, e se assim não puderem, que definam novos locais para colocar seus despachos pois todos devem concordar que no meio das ruas de hoje, não dá mais para aceitar.

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