Escutei nos irritados bastidores do Fórum Social Mundial Temático realizado na Bahia recentemente, que a sua sigla (FSMT) significava “Fórum Social do Mangue Total”. De alguma maneira isto reflete a carência de um comitê organizador autônomo que pudesse enfrentar as diretrizes organizativas governamentais, já desde as primeiras reuniões preparatórias onde ainda havia a ilusão de os movimentos sociais tocarem o barco sem interferências do governo, até a dispersão dos espaços de discussão, o que criou um verdadeiro mangue na hora de se orientar através de programações oficiais, quase sempre desatualizadas, com direito ao site do Fórum e as autogestadas circulando em programações alternativas, difíceis de achar.
Os que esperavam por um autêntico Fórum Social Mundial enganaram-se pensando que aqui haveria alguma coisa de similar aos de Porto Alegre e Belém. Não vimos a costume ira agitação popular dos Fóruns. Claro, o Fórum era apenas Temático, dirão alguns, não foi O Fórum, e muito menos Mundial, como se pretendeu, mas mesmo assim poderia haver havido mais respeito para com um encontro de discussão social que acabou virando um palanque nos Hotéis cinco estrelas onde o governo instalou suas baterias de propaganda pré-eleitoral montadas sem nenhum pudor no FSMT.
Portanto, além de desmobilizar o Norte-Nordeste a participar dos 10 anos do autêntico FSM de Porto Alegre e visando o próximo Fórum que será na África, estabelecendo no discurso oficial do Fórum uma ponte étnica como essencial a instalação deste Fórum Temático aqui, como se a alguém escapasse o fato de a Bahia, além de majoritariamente negra, também ser “território aliado do governo federal” e por isso primordial na plataforma política de 2010, o Fórum finalmente curvou-se e desistiu do capital sócio-político conquistado numa década. Assim, o sentido inicial dos Fóruns, fortalezas dos movimentos sociais independentes, chegou, depois de 10 anos de intensas lutas e cooptações variadas, a este melancólico e governamental final.
Os que esperavam por um autêntico Fórum Social Mundial enganaram-se pensando que aqui haveria alguma coisa de similar aos de Porto Alegre e Belém. Não vimos a costume ira agitação popular dos Fóruns. Claro, o Fórum era apenas Temático, dirão alguns, não foi O Fórum, e muito menos Mundial, como se pretendeu, mas mesmo assim poderia haver havido mais respeito para com um encontro de discussão social que acabou virando um palanque nos Hotéis cinco estrelas onde o governo instalou suas baterias de propaganda pré-eleitoral montadas sem nenhum pudor no FSMT.
Portanto, além de desmobilizar o Norte-Nordeste a participar dos 10 anos do autêntico FSM de Porto Alegre e visando o próximo Fórum que será na África, estabelecendo no discurso oficial do Fórum uma ponte étnica como essencial a instalação deste Fórum Temático aqui, como se a alguém escapasse o fato de a Bahia, além de majoritariamente negra, também ser “território aliado do governo federal” e por isso primordial na plataforma política de 2010, o Fórum finalmente curvou-se e desistiu do capital sócio-político conquistado numa década. Assim, o sentido inicial dos Fóruns, fortalezas dos movimentos sociais independentes, chegou, depois de 10 anos de intensas lutas e cooptações variadas, a este melancólico e governamental final.
Carlos Pronzato
Escritor e cineasta/documentarista
Nota: Carlos Pronzato nasceu argentino mas é baiano de coração e fora o fato de achar Maradona melhor do que Pelé, é um cara legal. É tambem meu amigo e por isso tomei a liberdade de postar seu depoimento sobre o Fórum Social Mundial acontecido recentemente em Salvador