No dia em que a Bahia lembra os 99 anos de Jorge Amado, fica a pergunta: Qual o destino da Casa da Rua Alagoinhas, número 33?

Se vivo estivesse Jorge Amado completaria hoje 99 anos. Durante três décadas ele e Zélia moraram na Casa de numero 33, na Rua Alagoinhas, no Rio Vermelho, um recanto repleto de histórias, recordações, cultura e arte, a começar pela entrada onde tem um trabalho de Calazas Neto . Mas muito mais do que tudo isso, embaixo de uma mangueira onde ele costumava sentar-se ao lado de Zélia para intermináveis conversas, hoje repousa suas cinzas. Entretanto nada disso conseguiu reunir motivos suficientes para transformar a residência em um memorial ou museu para preservação esses memórias e muito mais do que transforma-se em um espaço de difusão do saber.
 Não fosse o livro de memórias de Zélia, “A Casa do Rio Vermelho”, toda essa história certamente estaria esquecido com o tempo. Na obra a escritora deixa registrado o quanto a casa foi importante para o casal , uma das apresentações dessa obra destaca : “ Pelo portão do endereço mais famoso de Salvador passou meio mundo - o moleque da quitanda, intelectuais europeus, cantores de sucesso, quituteiras, cineastas, mães-de-santo, políticos... Se a casa não pode falar de tudo que já testemunhou, ganhou a mais adequada porta-voz no novo livro de Zélia Gattai. Reminiscências, encontros, conversas, saudades. Pelo relato saborosamente nostálgico do livro passa um rol de figuras singulares, fascinantes e, não raro, surpreendentes. Antônio Carlos Magalhães, Pablo Neruda, Sônia Braga, Moacir Werneck de Castro, Antonio Olinto, Dorival Caymmi, João Ubaldo Ribeiro e muitos outros hóspedes ilustres.”


Diante de tanta simbologia o destino que será dado à casa não deveria ficar apenas sob a responsabilidade dos familiares, deveria haver também o interesse dos órgãos que definem as diretrizes culturais do Estado. Hoje pela manhã assisti uma reportagem mostrando como Ilhéus aproveita o potencial turístico da obra de Jorge Amando, desde a transformação da casa onde ele morou por cerca de 11 anos com os pais, em um museu, onde tudo está preservado. Uma pena que o Rio Vermelho, bairro tão importante na vida dos dois escritores, que já foi considerado bairro dos artistas, não tenha nada para marcar essa presença. É muito triste esse desprezo com a preservação da história e da cultura nossa cidade, a casa de número 33 está abandonada e ninguém sabe o que será feito com ela.

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7 Comentários
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  1. Você aborda nessa postágem um assunto muito interessante. Realmente é uma pena essa casa não ter uma destinação voltada para a cultura e preservação da memória tanto de Jorge como de Zélia.

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  2. Ontem, em entrevista a uma TV, Paloma disse que a casa seria transformada em museu e que esperava que inauguração se desse no dia do centenário: 1o de agosto de 2012.
    Vamos esperar que esse desejo se realize.
    Se os moradores do Rio Vermelho se mobilizarem muita coisa ainda poderá ser feita, temos ainda uma ano pela frente e foi aqui que ele passou seus últimos 30 anos de vida.

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  3. Assim espero. Tantas reuniões foram feitas, comissões criadas e até agora nada.

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  4. É verdade. Jorge e Zélia não merecem esse abandono.

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  5. Posso parecer ingênuo , mas acho que contando com um Conselho de Cultura e Turismo e com uma Casa de Cultura no bairro , o assunto não deveria , pelo menos interessar a eles? As iniciativas não deveriam ser dessas entidades ? Eu acho que sim ! As pessoas , isoladamente ,só podem mesmo fazer o que o blog faz. Lembrar, sugerir , comentar. Afinal, até onde eu sei, existem, no bairro , entidades que se dizem culturais.

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  6. Sabe se é possivel ocupar a casa com grupos artisticos? tem que habitar pra faze-la conhecida na região. eu mesmo nem fazia ideia de onde era direito.

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  7. Wagner:
    A casa é dos herdeiros da família Amado.

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