Corrigindo uma injustiça

Por Sarnelli

O bairro do Rio Vermelho, com toda a sua história, é mesmo nacional e mundialmente famoso e já foi descrito dezenas de vezes por pessoas interessadas e que contam a sua história. Entre outras características, sempre é citada a Festa de Yemanjá, outros eventos, a vida boêmia que acontece todas as noites, aquela de que o pedaço é o bairro dos artistas e os moradores notáveis e importantes são citados um a um, concentrando nomes importantes da história das artes na Bahia, no Rio Vermelho! 

No entanto, uma grande injustiça tem sido praticada através dos tempos por todos os escritores e ou pesquisadores, que nunca, mas nunca mesmo, deram de cara com o nome de Pasquale De Chirico, que foi efetivamente o primeiro dos grandes artistas a se instalar no Rio Vermelho, onde hoje é a Rua Pedra da Sereia, quando a Avenia. Getúlio Vargas ainda estava sendo construída ( hoje Oceânica ) quase na divisa do Rio Vermelho com Ondina. 

Como descendente de Pasquale, sou seu neto e vivo desde os meus primeiros dias no Rio Vermelho, acho que precisamos, por uma questão de justiça, corrigir esta omissão na história do bairro. A foto que ilustra esse texto, tirada, quase que com certeza, na década de 30 (1.930), do alto do morro de Ondina, mostra a casa de Pasquale isolada no meio de um imenso terreno com mais nada por perto, atestando que ele foi pioneiro no bairro.

Agora, me acho na obrigação de dizer algo sobre o meu avô Pasquale, que foi o maior escultor que já pisou em terras baianas. Italiano, chegou ao Brasil com 20 anos, em Salvador por volta de 1903, foi professor da Escola de Belas Artes da Bahia e faleceu em 30 de março de 1943, deixando, após 40 anos de trabalhos, obras que vemos todos dias ao vagar pelas ruas da cidade, como o monumento a D.Pedro II , no Jardim de Nazaré, a estátua de Castro Alves na praça do mesmo nome , a figura de Tomé de Souza, o monumento ao Visconde de Cayru , aquele ao Barão do Rio Branco e muitos outros . Foi o artista que mais implantou monumentos na cidade. Claro que ganhou pelo seu trabalho. Vivia disso, mas morreu pobre porque, naquela época, a arte não dava tanta grana.

Deixou muitos seguidores. Finalizando, não posso deixar de assinalar que aquele Cristo que todos nós vemos quando passamos pela orla, imponente no cocuruto do morro Ipiranga, também é obra dele, esculpido em mármore de Carrara na Itália, e inaugurado no morro onde hoje funciona a Prefeitura da Aeronáutica, em 24 de dezembro de 1920 , na presença de todas as autoridades e sociedade baiana. Depois, foi transferido do local original para a atual posição , por força de detonações de dinamite na exploração de uma pedreira existente na base do morro e, provavelmente porque a área também se tornou espaço militar.

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1 Comentários
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  1. Muito justa essa lembraça, já falei nesse blog e volto a repetir: a Prefeitura e a Câmara de Vereadores, devem uma homenagem a altura da importancia de Pasquale.Acho inclusive que deveriamos trabalhar melhor essa proposta.

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