Mulheres? Sim Senhor!

Por Ary Albuquerque Cavalcanti Junior

No dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, no qual mulheres Russas foram às ruas de Moscou (capital) para requerer melhorias de trabalho. Soma-se a isso o acidente em uma fábrica na Inglaterra onde muitas trabalhadoras acabaram sendo mortas por ficarem presas dentro daquele recinto em chamas. Mas de uma forma ou de outra, esta data tem uma representação que alarga muito mais o marco histórico. Na atual conjuntura política são notórias as mais variadas conquistas femininas. Muitos centros femininos e de lutas pelas mulheres, a “igualdade” no mercado de trabalho e leis que passaram a defender uma igualdade social e de gênero.

Contudo nem sempre fora assim. De uma cultura “machista”, atribuída as mulheres desde a colonização do nosso país, essas sempre foram vistas como “submissas” e atreladas aos “desejos e anseios masculinos”. Logo, “Donas”, “rainhas do lar”, grandes mães, se tornaram meros tratamentos as mulheres. Sem direitos políticos (não que todas quisessem), sociais etc, o país era guiado apenas por homens.

Nosso país começa a ter os “primeiros” anseios femininos a partir de 1920 quando Bertha Hultz passa a requerer junto com o “movimento feminista” direitos políticos e maior participação das mulheres na sociedade, obviamente não de todas, neste caso das classes médias, chegando a realizar o I Congresso Internacional Feminista contando com outros estados, inclusive Bahia. Da mesma forma como existiram movimentos mais radicais que não queriam apenas o direito da mulher, mas a retratação da sociedade para com essas em detrimento do mundo machista e a ampliação das discussões como sexualidade, política entre outros. No mesmo avançar, em 1927 é dado o primeiro voto feminino brasileiro, no Rio Grande do Norte.

Agora pensemos. Quais são os exemplos ao qual somos remetidos quando falamos de mulheres? Você talvez se lembre da Rainha do Egito Cleópatra, Joana Darc (líder francesa), ou que tal um exemplo mais nacional, Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita), mulher Nordestina, contudo lembrada por muitos apenas como a esposa do famoso cangaceiro Lampião. Sendo assim, podemos perceber o quanto a imagem da mulher é “esquecida” pelas sociedades que se sobrepuseram e consigo levaram imagens de heróis, apenas heróis (gênero masculino). Na produção deste “esquecimento”, os livros didáticos são materiais bastante utilizados por nós brasileiros, algo visto muitas vezes como uma representação da verdade, a figura ou as imagens da mulher são quase que inexistentes, bem como debates que visem a importância ou a participação dessas, acarretando uma visão de história feita por homens. Precisamos fazer tal reflexão.

Hoje em dia, os focos estão em evidencia através de decretos, tais como o de número 11.340/ 06 que ficou conhecido como “Lei Maria da Penha” e recentemente no Estado da Bahia o Projeto de Lei número 19.137/2011 que fora apelidado Lei “antibaixaria”ou lei “Luiza Maia” (nome da responsável pelo projeto) que “assegura” a “visão da mulher como um ser moral” e sem a apologia a um “produto” feminino e algo “animalesco” como segundo tal está contida em letras de músicas de pagode baiano. Exemplos não faltam, que tal: “Me dá, me dá patinha…Me dá sua cachorrinha “

Assim, as mulheres de hoje se deparam com novas problemáticas e a busca de novos espaços. O mercado de trabalho para os sexo feminino é algo extremamente satisfatório, onde a dez, vinte anos atrás, a desigualdade em salários, empregos e garantias em nada se comparavam aos dos homens. Mas ainda hoje as marcas de uma “cultura machista” perseguem a sociedade brasileira ou porque não dizer mundial amargando olhares de indiferença ou piadas como: “tinha que ser mulher mesmo!”.

Contudo, recentemente países elegeram mulheres para comandá-los. E no nosso caso, o Brasil elegeu a primeira mulher para sua presidência, Dilma Rousseauf. Se este governo é bom, ou não, não é o caráter deste, contudo o fato é: Será que o Brasileiro ou o mundo realmente se rendeu a uma “igualdade de gênero?” e a observação da mulher como um ente transformador da sociedade? Cenas dos próximos capítulos.

De fato, nos resta parabenizar as mulheres de todo o mundo! E muito mais do que qualquer idéia discriminatória, os fatos demonstram que o sexo frágil de ontem é o braço forte de hoje. Ei mulheres, não vejam este dia como um dia diferenciado, pois isso é indiferença, mas o veja como conquista, conquista pela mudança e pelo dia em que as desigualdades sejam elas quais forem, cessem em nome de um bem comum, a igualdade.

REFERÊNCIAS

COSTA, Ana Alice Alcântara. O movimento feminista no Brasil: dinâmica de uma intervenção política. In. MELO, Hildete P. PISCITELLI, Adriana,(org.) Olhares feministas – Coleção educação para todos.

MATOS, Maria Izilda S.de. Por uma história da mulher. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2000

PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Trad: Viviane Ribeiro. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2005

PINTO, Céli Regina Jardim. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2003 (Coleção História do Povo Brasileiro)

SARDENBERG, Cecília – A violência simbólica de gênero e a lei “antibaixaria” na Bahia. NEIM. UFBA: 2011

Ary Albuquerque Cavalcanti Junior é graduando em história pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB - Texto publicado no O Recôncavo.
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