Conheça este trabalho publicado em 2010 pelo CEAMA-MPBA sobre o mapeamento do caminho das águas de Salvador organizado por: Elisabete Santos, José Antonio Gomes de Pinho, Luiz Roberto Santos Moraes e Tânia Fischer.
Acesse para download do mapeamento na íntegra.
Trecho a seguir aborda a história do bairro do Rio Vermelho.
Rio Vermelho
A história do bairro do Rio Vermelho é anterior à fundação da cidade de Salvador. Segundo o historiador Luiz Henrique Dias Tavares, reporta-se à primeira década do século XVI.
O Rio Vermelho no século XVII era uma colônia de pescadores, que foi sendo mais povoada à medida que alguns moradores do Centro da Cidade migraram para essa região, mais precisamente para o Morro do Conselho, fugindo das Invasões Holandesas de 1624.
No século XIX já haviam nesta área três núcleos de povoamento definidos: Paciência, Mariquita e Santana. Todavia, a expansão deste bairro só ocorreu no século seguinte, no governo de J.J. Seabra.
Em 1923, foi inaugurada a Avenida Oceânica, quando os primeiros carros começaram a circular pelo bairro, que naquele momento adquiria novos contornos.
Neste mesmo período, tornou-se costume das famílias ricas da “cidade da Bahia” ir ao Rio Vermelho, em especial à Praia da Paciência, passar o verão. A partir da década de sessenta, linhas de ônibus iniciaram a circulação pelo bairro. Segundo Arilda Maria Cardoso Souza, arquiteta paisagista, antigamente o bairro era dividido pelo Rio Camarajipe em duas partes: “as pessoas que moravam de um lado, não conheciam e praticamente não se comunicavam com as do outro. A ponte foi construída
bem depois; antes as pessoas atravessavam de barco”.
Devido às intervenções urbanas e às obras do Sistema de Esgotamento Sanitário, o Rio Camarajipe foi desviado desde a década de setenta. Nos anos noventa, foi construído um interceptor de águas e
esgotos subterrâneo, que conduziu suas águas diretamente para o Emissário Submarino que margeia a antiga foz e adentra 2,5 km no mar. Nesse bairro localiza-se a foz do rio Lucaia.
Na história deste antigo bairro, a Igreja de Nossa Senhora de Santana é um ponto de referência. Localizada próxima à colônia de pescadores, foi construída sob as ruínas de uma velha Fortaleza, que
começou a ser edificada em 1710 e jamais foi acabada.
Sobre o nome do bairro, Edelweiss afirma: “o Rio Vermelho não era denominado Camurujipe pelos índios, mas Camarajipe (...); Camará ou Cambará é uma flor vistosa, de matizes amarelo-vermelhos,
que deram o nome português ao Camarajy dos índios por atapetarem as suas margens”. O Rio Vermelho foi assim denominado pelos colonizadores em função da imagem que o Rio Camarajipe produzia: um tapete vermelho, um rio vermelho!
O bairro que já foi aldeia indígena, vila de pescadores e local de veraneio das famílias mais abastadas de Salvador hoje é área caracterizada como uma zona de concentração comercial e de serviços, sendo um ponto de encontro dos que vivem com intensidade a noite em Salvador. No dia 02 de fevereiro acontece no Rio Vermelho a tradicional e popular Festa de Iemanjá, que Arilda Cardoso considera
como uma marca do bairro.
Segundo Eurílio de Menezes, pescador da colônia do Rio Vermelho, a Festa de Iemanjá data do ano de 1923 quando, por sugestão de uma senhora, os pescadores resolveram presentear a Mãe D’Água,
com o objetivo de melhorar a vida que estava difícil por demais.
Entre os principais equipamentos públicos do bairro, estão a Escola Municipal Euricles de Matos, o Colégio Estadual Manoel Devoto, a 7ª Circunscrição Policial - Delegacia e a Biblioteca Juracy
Magalhães.
O Rio Vermelho possui uma população de 20.761 habitantes, o que corresponde a 0,85% da população de Salvador, concentra 0,95% dos domicílios da cidade, estando 21,74% dos chefes de família situados na faixa de renda mensal de 5 a 10 salários mínimos. No que se refere à escolaridade, constata-se que 35,77% dos chefes de família têm mais de 15 anos de estudo.