Sobre os filmes:
- O Artesão de Sonhos (2007) (24’) Direção: Petrus Pires e Paulo Hermida – O documentário narra a vida e a obra do cineasta Roberto Pires, um dos principais nomes do movimento cinematográfico baiano entre o fim dos anos 1950 e início dos 1960. Depoimentos do produtor cultural Zenilton Barreto, dos cineastas Orlando Senna e Oscar Santana e de César Pires, filho de Roberto e irmão de Petrus, compõem o curta. A produção traz trechos de filmes e um vasto material de arquivo, que revela o trabalho do “artesão” durante algumas de suas realizações. A trajetória de ousadia técnica e temática suscita importantes reflexões. O roteiro de O Artesão de Sonhos foi o vencedor do Prêmio Rucker Vieira, da Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj, em 2010.
- Redenção (1959) (62’) Direção: Roberto Pires – O primeiro longa-metragem feito na Bahia deu impulso aos anseios de talentosos jovens locais apaixonados pela sétima arte, dentre eles, Glauber Rocha. O filme é um marco da produção cinematográfica do estado, antes restrita a documentários e títulos em curto formato. Os negativos estavam desaparecidos até 2005, quando uma cópia em 16mm foi localizada com um colecionador particular em Pernambuco. O material, então, foi restaurado e remasterizado. Sua importância não está somente no pioneirismo, mas também no emprego de tecnologias até então dominadas pela indústria de Hollywood: uso de um sistema de som magnético acoplado à película e de uma lente anamórfica, criação do próprio Roberto Pires para obter o efeito Cinemascope, com tela esticada. A trama revela a Salvador do final dos anos 1950. No elenco, estão os atores Geraldo Del Rey, Braga Neto, Maria Caldas, Fred Junior e Milton Gaúcho, dentre outros. O thriller policial gira em torno de um maníaco estrangulador e estuprador de mulheres, que atende por Homem X (Fred Junior). Ele busca abrigo na casa dos irmãos Newton (Geraldo Del Rey) e Raul (Braga Neto), este último em liberdade condicional. Estabelece-se um clima de tensão entre os três, intensificado quando Homem X tenta violentar Magnólia (Maria Caldas), namorada de Newton. Revoltado com o comportamento do hóspede, Raul mata o psicopata e, preocupado em não arrumar mais problemas com a justiça, desaparece com o corpo ocultando a verdadeira identidade do morto. A polícia, contudo, não desiste de investigar o misterioso crime.
- Abrigo Nuclear (1981) (84’) Direção: Roberto Pires – A obra marca o retorno de Roberto Pires aos sets depois de 11 anos sem filmar – seu último trabalho havia sido em Em Busca do Susexo (1970). A ficção científica faz parte de uma série de produções sobre os perigos da energia nuclear, uma preocupação recorrente do diretor. Os habitantes de um abrigo subterrâneo construído para preservar a raça humana da poluição radioativa vivem sob um regime cibernético-nuclear controlado pela comandante Avo (Conceição Senna). Apesar de protegidos, eles nutrem a esperança de um dia saírem de lá. Inconformada com o autoritarismo da líder, a geóloga Lix (Norma Bengell) e um grupo de dissidentes descobrem ser possível viver na superfície da Terra e elaboram o Plano Alfa, esquema cujo objetivo é tirá-los dali.
- A Grande Feira (1961) (92’) Direção: Roberto Pires – O filme traz no elenco Luiza Maranhão, Antônio Pitanga, Geraldo Del Rey, Helena Ignez, dentre outros, além de contar com a participação do diretor Roberto Pires. Pelo trabalho, Geraldo Del Rey recebeu, em 1963, o prêmio Governador do Estado de São Paulo de melhor ator. Na obra, os moradores da feira permanente de Água dos Meninos – maior mercado popular da Bahia – são ameaçados de despejo por uma imobiliária. Inconformados, lutam com todas as forças para conservar o terreno. A trama acaba por revelar a cidade de Salvador sem preconceitos: a demagogia eleitoral, a política petrolífera, o racismo, a ideia de revolução e o imperialismo. A estrutura social brasileira aparece dividida entre ricos e marginalizados, em um universo miserável e corrupto.
- Bahia Sci-Fi (2015) (35’) Direção: Petrus Pires – Abrigo Nuclear (1981) é um filme fundamental para a trajetória do cinema brasileiro. Produzida com baixíssimo orçamento – dificultado ainda mais pela falta de interesse da Embrafilme em sua realização – e muito improviso, a película de Roberto Pires foi uma representante praticamente solitária do gênero ficção científica na sétima arte nacional na década em que foi rodada. Filho do cineasta, Petrus Pires resgata a história dessa épica obra através da memória dos envolvidos nos diversos aspectos da produção. O média-metragem mescla imagens do filme de Roberto Pires com depoimentos de membros da equipe, entre atores e técnicos. As entrevistas revelam detalhes surpreendentes e incríveis da dedicação do diretor por sua obra. As declarações lembram histórias como o fusca adaptado para funcionar como um carro do futuro, uma espécie de tanque de guerra futurista, ou as adaptações feitas no cenário como luzes feitas a partir de lâmpadas natalinas ou escorredores de macarrão no papel de luminárias. É um relato de um cinema feito com amor e dedicação.
Com informação do Cinejornal.