Com quanta negligência se constrói uma tragédia?

Com quanta negligência  se constrói uma tragédia?
Nesse cubículo o super botijão de gás em um prédio sem  condição de funcionar padaria, mesmo que artesanal 

Semana passada postamos neste Blog o desdobramento de uma situação criada na Rua Almirante Barros, no Rio Vermelho, mais precisamente na Praça Geraldo Walter, após a notícia que circulou da instalação de uma padaria artesanal na área. O primeiro aviso chegou com uma placa da Brasilgás, informando: “perigo, inflamável, não fume”. Isso em uma parede de uma praça onde pessoas fumam aleatoriamente, inclusive à noite. A pedido dos moradores o Blog entrou em contato com a Prefeitura-Bairro, questionando se havia autorização para o funcionamento de tal empreendimento. 

Os dias se passaram sem nenhum retorno, apesar do gerente Raimundo Castro, informar que já havia feito o questionamento ao órgão competente e que aguardava resposta. Na semana passada, o que era uma preocupação, com a chegada de um super botijão de gás, tornou-se motivo de pânico. Muitos moradores começaram a ligar para o Salvador Atende, informando a situação e foram orientados a levar o problema ao conhecimento da Prefeitura Bairro. Mais uma vez, em contato com esse órgão, fomos informados que a autorização para instalação de botijão de gás, não era de responsabilidade da prefeitura e sim do Estado, por meio do Corpo de Bombeiros. A prefeitura deu uma de Pilatos, simplesmente lavou as mãos, quando até o poste da esquina sabe-se que quem concede licença e tem obrigação de checar os documentos necessários para liberar atividades comerciais na cidade, é, sim, a Prefeitura. Os moradores, entraram em contato com o Corpo de Bombeiros. No sábado, um cheiro forte de pão se espalhou pela praça denunciando que a tal padaria já estava em funcionamento. Por sorte, dois bombeiros da fiscalização chegaram ao local. Segundo informações apuradas pelo Blog na vistoria identificaram tubulação fora dos padrões, falta de extintor, local sem saída de emergência, entre outras irregularidades. O estabelecimento foi notificado e a atividade suspensa naquele dia. Durante a semana passada, um preposto da prefeitura até esteve no local, o carro do serviço público ficou estacionado na ladeira, enquanto o funcionário conversava com o proprietário do imóvel, mas pelo que se deduz, nenhuma notificação foi expedida tendo em vista que começou a funcionar no sábado. 

Todo esse histórico mostra com quanta negligência pode se construir uma tragédia: Um proprietário de imóvel que aluga uma sala em um prédio onde funcionam outros empreendimentos, inclusive uma agência de modelo onde jovens e crianças comparecem todos os dias, uma agência de publicidade com vários equipamentos eletrônicos, uma residência e no centro desse prédio, uma padaria, mesmo que artesanal, completamente fora das normas;  uma prefeitura que faz vistas grossas, não se sabe por que, uma empresa de gás que entrega um botijão de grande dimensão sem preocupar-se em saber se foi feita vistoria do Corpo de Bombeiros, como exige a lei; e um empreendedor que se arrisca em  colocar o seu negócio em um espaço que é uma verdadeira arapuca, sem as mínimas condições para o tipo de atividade. Enquanto as pessoas e os dirigentes dos órgãos públicos não mudarem de postura, a gente nunca vai conseguir sair desse atoleiro em que nos encontramos. De pouco adianta pedir ética e seriedade aos políticos se no dia a dia cada um vai fazendo o que quer e bem entende sem se preocupar com as leis vigentes, ao contrário, em lugar de cobrar dos agentes públicos o seu cumprimento, ficam atrás do jeitinho para ludibriá-las, mesmo que isso implique em  risco para terceiros.  Ninguém em sã consciência é contra atividades que gerem emprego, ainda mais em um período de crise tão complicado que o país atravessa, mas que as leis sejam observadas e o poder púbico cumpra com o seu dever. Só isso, será que é pedir muito! (por Carmela Talento

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