Os bondes do Rio Vermelho - História

Os bondes do Rio Vermelho - História

Rio Vermelho: Dos Bondes às Linhas de Ônibus
Por Maria das Graças Bispo de Jesus

Trecho extraído do site Observatório Geográfico America Latina - Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo

No Largo da Mariquita ficavam também os terminais de ônibus e bondes. Para se chegar ao centro, que o povo denominava “ir à cidade”, dispunha-se de dois itinerários: pelo Rio Vermelho de Cima e pelo Rio Vermelho de Baixo. Ubaldo Filho (1991: 57).

Os transportes na Cidade do Salvador tiveram o seu início no final do século XIX. Ano depois, em 1872, surgiu a primeira companhia de bondes puxados a burros (fazia a linha Rio Vermelho de Baixo, depois, em 1873, foi introduzido á linha Rio Vermelho de Cima, entre o Campo Grande e o Rio Vermelho) denominada Companhia Trilhos Centrais que logo sofreu a concorrência da chamada máquina do Rio Vermelho pela Companhia Transportes Urbanos. Começava no Campo Grande e terminava no Alto do Papagaio do Rio Vermelho, passando, mais tarde, fazer ponto final na Mariquita.

Em 1904, Ramos Queiroz fez a junção das Companhias Circular com a Companhia de Transportes Urbanos e a Companhia Trilhos Centrais, formando a Linha Circular de Carris da Bahia que seria o serviço de transporte em grande escala da Cidade do Salvador.

Eram os bondes elétricos, cuja primeira linha para o Rio Vermelho foi inaugurada em 1906. A circulação dos bondes até o Centro da Cidade marcou profundamente a estrutura do bairro, facilitando a circulação e a entrada das pessoas que passaram a visitar e residir no local, atraídas pelo famoso “banhos de sal”.

Em 1901, chegaram os primeiros automóveis de origem européia em Salvador. Os carros a partir dos subseqüentes tiveram uma progressiva participação como meio de transporte, sendo, inicialmente, adquiridos por pessoas de grande poder aquisitivo. 7145 Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo.

Segundo Ubaldo Filho, foi o Prefeito Hélio Machado, em 1958, quem comandou o processo de encerramento dos bondes elétricos. Inicialmente, os bondes deixaram de circular na cidade baixa e na cidade alta após os anos 60. No bairro do Rio Vermelho circularam até 1962.

No inicio do século XX surgiram os primeiros meios de transportes de grande lotação, denominada de Marinetti, hoje conhecido popularmente como ônibus. A ascendência no meio de transporte de massa teve o seu auge com a chegada dos Jaús, denominação dada pelo povo aos veículos franceses, que possuíam uma estrutura diferente, moderna, bem pintada, bem cuidada, bancos estofados, em fim um serviço tão de qualidade que as pessoas para andarem nos Jaús tinham que estar bem vestidas.

De acordo Ubaldo Filho (1991) as empresas de ônibus que faziam o transporte para o bairro do Rio Vermelho era a Jordão, que tinha a concessão da Linha Rio Vermelho de Cima e a SMTC (Serviço Municipal de Transporte Coletivo) que fazia a Linha do Rio Vermelho de Baixo. Além destes, havia linha de Kombis, micro-ônibus e as chamadas lotações. Nos anos 60, funcionou por um período curto, outra linha de lotação, a qual fazia ligação direta do Parque Cruz Aguiar com a Praça da Sé, via Centenário ou via Barra.

É neste contexto que o bairro vai crescendo sua circulação interna e ampliando sua relação com outros pontos da Cidade. Seu núcleo populacional aumenta, promovido pela construção de novos loteamentos, como o Parque Cruz Aguiar e o Conjunto Residencial do Ipase.

O tráfego de veículos entre a cidade e o aeroporto foi transferido para Orla (Rio Vermelho, Pituba e Itapuã) com a construção das avenidas, Otávio Mangabeira e Amaralina. Logo, o fluxo pelo Rio Vermelho aumentou e o bairro deixa de ser isolado do restante da Cidade.

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