O Rio Vermelho nunca mais será o mesmo

Todos os finais de semana a mesma cena se repete no Rio Vermelho: um verdadeiro batalhão de fiscais da prefeitura com apoio da 12ª CIPM chega à orla na tentativa manter a ordem pública. Os ambulantes não cadastrados são os principais alvos. São pessoas que vem de várias partes, até mesmo do interior do estado vendendo de tudo, inclusive o que não pode ser comercializado. Enquanto isso, corre solta a bagunça levada a cabo por dezenas de flanelinhas que a despeito das áreas marcadas como zona azul, se espalham por todo o bairro, nas ladeiras e transversais, marcando espaço com cones e outros trambolhos, impondo suas próprias regras e preços, muitos deles inclusive utilizando coletes da Transalvador, os mesmos usados por aqueles que trabalham na Zona Azul. Esse é outro problema, porque nem sempre os guardadores são encontrados pelos que precisam estacionar nesses espaços autorizados e com tarifas definidas. Via de regra não estão onde deveriam. Muitos motoristas também não estão nem aí para a fiscalização, colocam suas máquinas onde acham mais conveniente, entortam os piquetes dos passeios que a prefeitura substitui praticamente depois de cada final de semana. Quem também não dá a minima para a lei, são os perturbadores do sono alheio, os sem noção e sem educação que acham certo colocar o som dos carros nas alturas durante toda a madrugada para se divertir, transformando a via pública em espaço privado. Recuaram um pouco quando os fiscais da prefeitura começaram a apreender os equipamentos de som e proibiram o estacionamento na extensão da curva da Paciência até próximo à quadra de esporte, mas à medida em que essa fiscalização recuou, acreditando que o problema estava contornado, eis que retornaram com  força total. No último final de semana, até uma batucada apareceu para aumentar o repertório da barulheira. Não se pode dizer que o poder público está ausente, ao contrário, os órgãos até se unem em operações conjuntas e pontuais na tentativa estabelecer uma certa ordem, porém, o problema é bem mais complexo do que aparenta e já chegou a um ponto praticamente incontrolável. Quem ainda tem em mente a imagem do Rio Vermelho como bairro da  boemia no antigo figurino, pode esquecer. O que se tem hoje é uma área requalificada e sem identidade não só na parte física, mas na maneira de sua ocupação. São outros tempos onde impera a falta de civilidade.

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2 Comentários
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  1. Acredito que o Senhor cabeça de lua quando resolveu fazer essa "requalificao' nao pensou junto com sua megalomaniaca equipe em criar uma estrutura para conter esse tipo de problema que ja tinha acontecido na Barra.

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  2. Parabéns, texto perfeito à atual realidade do nosso Rio Vermelho.
    Infelizmente é esse o sentimento dos moradores e adoradores do bairro, a tradição boêmia, reconhecida pelo mundo inteiro (todo turista, nacional ou internacional quer conhecer o bairro boêmio de Salvador) está perdendo espaço para uma bagunça descontrolada e sem identidade. #SOSRioVermelho

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