Nem tudo está perdido

Por Sarnellli

Ontem(29) eu havia entrado no Shopping Barra e me dirigia à farmácia, quando percebi que estava sem a minha carteirinha. Pronto, eu a havia perdido com , dentro , a CNH , dois cartões de supermercados e algum dinheiro ! Tentei imaginar como tinha acontecido e concluí , após verificar que os bolsos da bermuda eram relativamente rasos , que ela havia escorregado e ficado no banco. Problema maior era a CNH porque os cartões eu os bloqueei , mas conseguir uma segunda via , já começa a ficar um pouco complicado para mim.À tarde ,saí , e, na volta, dentro do ônibus , algo me dizia que, ao chegar em casa, teria alguma boa notícia . Alguém teria telefonado dando informações sobre a minha carteirinha. Não deu outra ! Assim que cheguei, a moça aqui de casa me disse: o senhor não sabe o que aconteceu! Sei, sim, telefonaram sobre a carteira! Pois é, disse-me ela como que meio assombrada.A pessoa que telefonou foi o motorista do ônibus, deixou nome e telefone. Fiz contato e marcamos encontro para às dez horas da manhã de hoje, no mesmo ponto onde eu havia descido, ou seja no Shopping da Barra . Ele se lembrava de mim e eu dele. A identificação do coletivo que ele dirigia foi facilitada porque ele me forneceu o nº de ordem. Cheguei bem cedo ao local do encontro, por via das dúvidas, mas, precisamente no horário combinado, ele apareceu e, já de longe, me fez sinal de luz !... Quando parou no ponto, subi, cumprimente-o e ele me passou carteirinha pedindo que conferisse. Claro que não conferi coisa alguma. Achei que não seria correto. Ele é um jovem entre os 30 e 40 anos . Perguntei-lhe se tinha filhos. Disse que sim. Então, da mesma carteirinha , peguei uma das três notas de 50 e disse-lhe: o senhor vai me fazer um favor, que não pode recusar.. Com esse dinheiro ,vai comprar ovos de Páscoa para os seu meninos. Ele vacilou, mas insisti em que não poderia recusar. Recebeu a nota dobrada e a colocou no bolso da camisa. Nos cumprimentamos com um vigoroso aperto de mão e um sorriso, desci e ele seguiu para o seu destino: Mussurunga !

Mas a história teve um recheio. O motorista percebeu ( eu estive sentado perto dele ) que um rapaz havia apanhado a carteirinha e ele a pediu . Não, deixe comigo, que eu corro atrás do senhor e a entrego. Não, vai ficar comigo,e fechou as portas do ônibus para que o jovem não pudesse sair...

Como podem ver, nem tudo está perdido, mesmo no mundo de hoje. Ainda há muitos anônimos,e pessoas que surpreendem , e são a maioria , que ajudam a manter a balança com o fiel no ponto exato...