O Rio Vermelho realmente é um bairro surpreendente. Depois de procurar em várias locadoras da cidade pelo filme “A Embriaguez do Sucesso”, o jornalista e cinéfilo Biaggio Talento encontrou na Casa do Cinema que funciona no Shopping Rio Vermelho. Essa locadora tem como diferencial um acervo interessantes de bons filmes e o Blog recomenda uma visita aos amantes do cinema que estão em busca de boas opções para esse feriadão que se aproxima. Segue também o comentário publicado no Jornal A Tarde sobre esse filme como dica especial para jornalistas e estudantes e para todos que buscam boas produções cinematográficas.
Texto Biaggio Talento
Texto Biaggio Talento
Quem imagina que o genial diretor Billy Wider desfechou os mais duros golpes cinematográficos contra a imprensa sensacionalista, precisa assistir a “A Embriaguez do Sucesso”, um filme de 1957, do desconhecido Alexander Mackendrick (baseado num conto do jornalista e escritor Ernest Lehman). Foi lançado em DVD no Brasil, discretamente, sem qualquer publicidade, o que deixaria irado Sidney Falco, o ambicioso e golpista assessor de imprensa da história. Falco (interpretado por Tony Curtis), no entanto, é apenas uma peça na engrenagem do poderoso colunista J.J. Hunsecker (o magistral Burt Lancaster) do não menos poderoso tabloide de Nova Iorque. Hunsecker é o principal alvo de Lehman, que conheceu os intestinos da imprensa marrom americana no início de carreira.

DIÁLOGOS ANTOLÓGICOS
É na relação do puxa-saco Falco, disposto a vender a mãe se for preciso para cair nas graças de Hunsecker, e a prepotência do colunista, que se arma a trama na qual se produzem diálogos antológicos, como aquele em que,num bar, um senador–que está tendo uma “audiência” com Hunsecker – pergunta a Falco como exatamente um assessor de imprensa trabalha. “Um assessor de imprensa come lixo de um colunista e deve chamar de alimento”, responde com seca ironia Falco. Hunsecker não deixa a bola cair, dividindo a responsabilidade nesse sistema deplorável de toma lá dá cá: “Os preguiçosos pagam a você para ver o nome deles em minha coluna”, espicaça.O senador acrescenta: “E cavam escândalos de pessoas públicas para passar aos colunistas”.
Essa dialética da corrupção permeia toda a história e é excelente neste momento em que o Supremo Tribunal Federal decidiu acabar com a obrigatoriedade do diploma de jornalista no Brasil. Trama oportuna também às vésperas de mais uma campanha presidencial na qual estratégias começam a ser armadas com os Hunseckers da vida, que agora têm à disposição a diabólica ferramenta da internet.A Embriaguez do Sucesso não tem o humor caricato de “A Primeira Página”, nem o exagero do absurdo sensacionalista de “A Montanha dos Sete Abutres”, os dois filmes de Billy Wider sobre a imprensa, mas segue a mesma linha ao mostrar os exageros às vezes ilimitado do quarto poder.Didático e imperdível para o público em geral, mas principalmente para os jovens que pensam em se tornar jornalistas. (Publicado no Caderno 2+ do A Tarde)
Muito interessante o filme, vale a pena confeir.
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