Escolinha Maria Felipa retorna aulas presenciais sem obrigatoriedade

 A escolinha de educação infantil e ensino fundamental afro-brasileira e trilíngue - português, inglês e libras - Maria Felipa retornou com as aulas semipresenciais no dia 30 de agosto. Diante da pandemia do Covid-19, que ainda continua e requer uma conexão e cuidado entre a saúde, educação, proteção e saneamento, a reabertura acontecerá gradualmente, dentro dos padrões de segurança em combate e contenção à doença, respeitando os protocolos estabelecidos como uso de máscaras, distanciamento, distribuição de álcool 70%, entre outros, e permitindo que famílias que não se sentem seguras mantenham-se em casa.

A escola volta tardiamente comparada a outras da cidade de Salvador, mas no limite esperado, já que, infelizmente, no país as crianças ainda não tem previsão de serem vacinadas. “Fomos pacientes e de acordo com a OMS, pesquisas e outras entidades nacionais, frente aos cuidados para conter os avanços da doença, e hoje nós entendemos que, além de estarmos em uma certa convivência coletiva com o vírus, já que não sabemos quando se conterá, o retorno tanto é importante para a criança e seu desenvolvimento, como entendemos que não há mais nada que possamos fazer”, afirma Maju Passos, sócia da escolinha.

Como instituição que deve encorajar e impulsionar as crianças, por consequência as suas famílias, a escola é propulsora de um debate importante, que avalia também a importância do reencontro e afroafetividade entre as crianças que estão há bastante tempo sem se ver e ter antigos e necessários padrões de sociabilidade, já que o online se tornou um lugar possível na realidade de emergência que se impôs, mas, diante de pesquisas há avaliações não só sobre as potencialidades do ensino EAD, mas as suas limitações.

“Outros aspectos foram comprometidos. A sociabilidade se deu no online, mas não no modo que acreditamos que pode impulsionar o desenvolvimento humano, no sentido da formação subjetiva da criança. Então, é muito importante para a criança estar retornando ao convívio diário com os pares, que não necessariamente estão ligados a sala de aula de forma direta, mas trazem aprendizagens diversas que desenvolvem nossas múltiplas inteligências, desenvolvidas no contato, no convívio cotidiano e direto”, completou Bárbara.

Após um ano e seis meses de reclusão e distanciamento, em uma pandemia que surpreendeu a todas/os/es, para Cristiane Coelho, diretora da escola, embora tenham feito todo o possível, já que não houve escolha, é preciso pensar na escola como um espaço de descobertas e estímulos necessários e importantes. “Na escola nós temos diferentes ambientes, perspectivas, objetos. As maneiras de ser, estar, pensar, acontecem também dentro do espaço escolar e, pensando na socialização e interações para o desenvolvimento humano desde os anos iniciais, esta foi uma lacuna que ficou sem ser preenchida, diante de habilidades que precisam ser trabalhadas. Agora migramos para o formato híbrido para que possamos contemplar todas as nossas crianças na prática cuidadosa, dentro do que é permitido, para que trabalhem essas habilidades”, reiterou.

Escola Maria Felipa

A instituição de ensino infantil, localizada na Rua Barão do Triunfo (107 - Federação), é afrocentrada, afroafetiva, anti-opressiva, valoriza a diversidade e carrega o nome de uma mulher, uma referência histórica de força, luta e liderança, como compromisso à ancestralidade africana. Em sua organização didático-pedagógica, cada turma é nomeada por um reino/império africano que norteará os estudos dos grupos, sendo eles, Império Inca (G2 - 02 anos), Reino Daomé (G3 - 03 anos ), Império Maia (G4 - 04 anos), Império Ashanti (G5 - 05 anos) e Reino de Mali (1° ano fundamental).


A EMF foi criada em 2017 por Bárbara Carine, idealizadora e consultora pedagógica da instituição, no processo de adoção de sua filha e pensar sobre sua educação. Ao perceber que a escola pautada em uma perspectiva decolonial, que contribuísse para o desenvolvimento humano não só da sua filha, mas de todos as alunas(os), não existia, ela aprofundou os dois anos anteriores à fundação em pesquisas e entrevistas com militantes e pesquisadoras(es) da temática étnico-racial e pedagógica e assim surge a Escola.

                                                                Foto-divulgação 
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