Não basta abrir uma porta barulhenta no Red River para ter sucesso

Por Rejane Ayres- jornalista e radialista ( Estúdio T)

Há 7 anos moro em um bairro que é uma “mistura” de Santa Tereza com Savassi, só que muito diferente (pior) no quesito poluição sonora. Aliás, me desculpem, mas Salvador precisa comer muito Tutu para ter a mesma dinâmica e sucesso da noite de Beagá - também conhecida como capital dos bares. 

Desde 2016 vejo bares abrirem e fecharem no recorte do bairro onde moro, exatamente na transversal da Rua do Meio. Todos chegam muito animados, com propostas “inovadoras” (rs) e a inocente certeza que basta abrir uma porta barulhenta no Red River para ter sucesso. Mas em QUASE todos eles falta um item muito importante que é RESPEITO pelos moradores, afinal, acredite caro leitor, o Rio Vermelho também é um bairro onde moram pessoas que trabalham, dormem e pagam seus boletos. Ah, nessas famílias tem idosos e crianças, sabiam? Pois é, incrível, não acham? Alguém precisa avisar ao chinês que aluga a qualquer custo, aos donos de cervejarias, os fãs de Raul que gritam desafinados no microfone na porta do bar ao lado de músicas mal tocadas e péssima regulagem de mesa, também aos restaurantes que não tem alvará de casa de show, muito menos conhecimento das leis sobre volume e limites dos ruídos. E quando sabem, ignoram. 

Devo ressaltar que até hoje, no meio dessa baderna, os únicos bem-sucedidos ali na vizinhança no dito RESPEITO são Tony, Big e Wilson, que enquanto Bardos começavam os shows de rock cedo e encerravam pontualmente as 22:00. E já há algum tempo comandam a BláBláBlá e mais uma vez, respeitam a vida dos vizinhos e moradores. Cuidaram do isolamento acústico, estão sempre atentos ao movimento do bairro e jamais enfiaram o pé na jaca como todos os outros fazem.

Quando eu estava grávida, o Gema Brasil causou terror na minha rua. E lá fui eu, com a barriga cada vez maior, conversar, informar os limites de ruídos e mostrar que ali morava uma gestante. Foram tantas ligações no 156, que antes do prejuízo financeiro e notificações, a pandemia e o isolamento social adiantaram o fim daquele restaurante que na cara de pau, colocou show de samba sem alvará certo, como fazem os atuais. Depois foi A Oca, o EscoBar e tantos outros que fizeram a mesma baderna por ali. Nenhum deles durou. 

Minha família não dorme bem há alguns meses, desde o surgimento do Soteropaulistano, Feyh e à recém chegada Tonha que administrada por mulheres e uma gestante, parece não sabe que vem um puerpério por aí e que mãe e bebês precisam dormir. Salvador é uma cidade sem lei para os donos de bares, que parecem não ter mães, filhos, avós e conhecimento de lei. Ou se tem, não se importam ou não foram educados para isso. Saúde e vida longa a todos, mas se for nesse formato, que sigam suas vitórias bem longe da minha casa. 

Ah, não posso esquecer de destacar positivamente além da Trinca, a Bahia Malte, que há seis anos vende cerveja de qualidade na minha esquina e não perturba ninguém. Entendam, não há necessidade de escândalo para ter um bom negócio no desejado Rio Vermelho, a melhor noite da Cidade da Música. 

Nós aqui no Estúdio T trabalhamos com música e grandes compositores, temos um medidor em casa e sabemos bem como essa falta de respeito afeta a saúde mental dos muitos idosos que moram na Rua do Meio e na Travessa muito antes dessa invasão descuidada.

Tranquila durante o dia, mas à noite o barulho de bares e restaurantes é insuportável 
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