"Os sistemas de disposição oceânica de esgotos domésticos, ou emissários submarinos, têm sido historicamente utilizados em todo o mundo como solução para destinação final de efluentes urbanos, principalmente devido aos aspectos econômicos. Porém, o descarte no oceano, seja em águas rasas ou mais profundas, pode induzir uma série de impactos ambientais negativos, dos quais se destacam a eutrofização, a floração de algas tóxicas, a introdução de microrganismos patogênicos [vide Quadro 4: Patógenos potencialmente presentes em esgotos domésticos] e a contaminação por substâncias químicas capazes de produzir efeitos tóxicos sobre a biota e bioacumulação. Desse modo, o lançamento de esgoto não tratado no mar não constitui uma prática ambientalmente adequada, sendo necessário o tratamento dos efluentes de forma a remover nutrientes, contaminantes e organismos patogênicos e evitar a degradação ambiental." In: O Mundo da Saúde, São Paulo - 2012;36(4):643-661).
Em 2008 a AMARV se reúne com a superintendência da Embasa para tratar do descarte de esgoto no Rio Lucaia e o impacto dessa permissividade criminosa. Leia: Rios recebem fezes de mais de oito mil casas
O Blog do Rio Vermelho recebeu dos moradores da rua Fonte do Boi vários questionamentos desde 2010 sobre o esgoto que escorre na Prainha do Rio Vermelho, denúncias e comunicados de entidades do bairro foram realizados aos órgãos competentes, mas como constatamos após a mais recente autuação da Prefeitura de Salvador à Embasa em fevereiro de 2019, nada mudou de lá pra cá. Leia: Esse esgoto está escorrendo na parte do fundo do Hotel Pestana - Tá bonito isso?
Em 2014 a sucessão de desculpas continuaram sem resolução, empurra empurra e até mesmo laudos técnicos, que demostram que há regularidade nos absurdos constatados "in loco". Leia: Entidades do bairro entram com representação contra a Embasa no Ministério Público.
O Inema também está ciente do problema há mais de 4 anos. Leia: Acompanhe o andamento da denúncia sobre a poluição da praia da rua Fonte do Boi ; Morador fez o trabalho que seria da prefeitura na Prainha da Fonte do Boi
Em 2015 foi divulgado Relatório de Fiscalização Inicial Sistema de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do SIAA Salvador/RMS. Confira na íntegra.
O empurra empurra é praxe num cenário com leis desatualizadas, impunidade e a falta de comprometimento ético com o meio ambiente, que são alicerçados por uma cultura de depredação da natureza em busca do lucro ou solução mais barata e a negativa da ciência como baliza. Leia: Esgoto lançado na prainha que fica no final do Rua Fonte do Boi está cada vez pior.
Sobre os laudos técnicos podemos lembrar de notas já divulgadas com a explicação de que o descarte "in natura" da estação de tratamento na rua Lucaia é regular e que o mal cheiro constante no entorno é esperado e normal. Leia: De acordo com o promotor Edvaldo Vivas, caso a empresa não responda os questionamentos do MP, terá de reparar os danos causados ao meio ambiente.
Em vistoria técnica em 2017 Prefeitura e Embasa afirmaram que o problema seria atacado e resolvido, quase dois anos depois(fev2019) estamos aqui, no mesmo lugar, e o esgoto jorrando nos nossos pés. Leia: Vistoria técnica na Rua Fonte do Boi ; Investigação sobre esgotos clandestinos será iniciada no Rio Vermelho .
Leia mais:
- Embasa divulga nota após autuação da Prefeitura de Salvador sobre esgoto na Prainha da rua Fonte do Boi
- Jogo de empurra entre Prefeitura e Embasa sobre esgotos nas praias não resolve nada, cidadão que paga impostos quer é solução!
- Inema divulga laudo sobre praia do Rio Vermelho e diz que qualidade da água tem melhorado
- Laudo do Inema sobre os impactos ambientais após descarte de esgoto pela Embasa no mar do Rio Vermelho ainda não foi divulgado
- Só mesmo uma grande mobilização dos moradores pode mudar essa realidade
- Obras Provinciais no Rio Vermelho de 1823 a 1889
- Marisqueiras no rio Lucaia no Rio Vermelho na década 1950
- Fato Histórico - A epidemia de Cólera no Rio Vermelho em 1855 e 1856